PROFESSORA ANDRÉA

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A Liberação dos Campos Nazistas


Fotografia

Em seus movimentos em território europeu, em uma série de ofensivas militares contra a Alemanha nazista, as tropas Aliadas encontraram dezenas de milhares de prisioneiros em campos de concentração. Muitos deles haviam conseguido sobreviver às longas "marchas forçadas" que foram obrigados a fazer entre os campos da Polônia ocupada até o interior da Alemanha, mas estavam em péssimo estado físico, e todos sofriam de inanição e enfermidades diversas.



As forças soviéticas foram as primeiras a chegar a um campo nazista de grande porte, Majdanek, próximo à cidade de Lublin, na Polônia, em julho de 1944. Surpresos com o rápido avanço soviético, os alemães tentaram esconder as evidências do extermínio em massa demolindo o campo. As equipes nazistas atearam fogo ao enorme crematório utilizado para carbonizar os corpos dos prisioneiros assassinados mas, devido à pressa, as câmaras de gás foram deixadas de pé. No verão de 1944, os soviéticos também encontraram e invadiram os campos de extermínio de Belzec, Sobibor e Treblinka, que os alemães haviam demolido em 1943 uma vez que a maioria dos israelitas da Polônia já havia sido assassinada.

Em janeiro de 1945 os soviéticos liberaram Auschwitz, o maior de todos os campos de concentração e de extermínio. Quando os soldados entraram naquele campo, os nazistas já haviam retirado a maioria dos prisioneiros, obrigando-os a marchar rumo ao oeste da Alemanha nas infamemente conhecidas "marchas da morte", mas os soviéticos ainda encontraram vivos milhares de prisioneiros esqueléticos, tendo provas em abundância do extermínio em massa efetuado em Auschwitz. Embora os alemães em fuga houvessem destruído a maioria dos depósitos daquele campo, nos demais os soviéticos encontraram os pertences das vítimas roubados pelos nazistas, bem como centenas de milhares de ternos masculinos, cerca de 800.000 vestidos, e mais de 7.000 quilos de cabelo. Nos meses seguintes, os soviéticos liberaram mais campos nos paises Bálticos e na Polônia e, um pouco antes da rendição alemã, eles já haviam conseguido libertar os prisioneiros dos campos de Stutthof, Sachasenhausen e Ravensbrueck.

 
Forças norte-americanas liberaram o campo de concentração de Buchenwald, próximo a Weimar na Alemanha, em 11 de abril de 1945, poucos dias após os nazistas haverem iniciado sua evacuaçao. Naquele dia, uma organização secreta de resistência, formada por prisioneiros, conseguiu atacar e controlar Buchenwald, evitando assim as atrocidades comumente cometidas pelos alemães antes de se retirarem. Forças norte-americanas libertaram mais de 20.000 prisioneiros em Buchenwald, e, em seguida, liberaram os campos de Dora-Mittelbau, Flossenbürg, Dachau e Mauthausen.

As forças britânicas liberaram campos de concentração no norte da Alemanha, incluindo Neuengamme e Bergen-Belsen, próximo à cidade de Celle, havendo entrado neste último em meados de abril de 1945. Cerca de 60.000 prisioneiros foram encontrados com vida, embora a maioria estivesse em situação crítica devido a uma epidemia de tifo. Mais de 10.000 sobreviventes morreram poucas semanas após a libertação em decorrência de subnutrição e doenças.

As forças que libertaram os campos presenciaram condições inimagináveis impostas pelos nazistas, e encontraram pilhas de corpos que não haviam sido enterrados. Havia uma baixíssima percentagem de sobreviventes, os quais pareciam esqueletos devido às demandas do trabalho escravo e à falta de alimentos, somados aos muitos meses e anos de maus tratos. Muitos estavam tão fracos que mal podiam mover-se. As doenças eram um perigo constante e muitos dos campos tiveram que ser queimados para prevenir a propagação de epidemias. Somente após a liberação dos campos é que o mundo tomou conhecimento das horrendas finalidades a que se destinavam. Os sobreviventes enfrentaram um longo e árduo caminho até conseguirem se restabelecer.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Documentário: O Livro perdido de Nostradamus

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=642S0mjV86k

Nostradamus

 

Michel de Nostredame ou Miquèl de Nostradama1 , mais conhecido sob o nome de Nostradamus (Saint-Rémy-de-Provence, 14 de dezembro de 1503 ou 21 de dezembro de 15032Salon-de-Provence, 2 de julho de 1566), foi um apotecário e médico da Renascença que praticava a alquimia (como muitos dos médicos do século XVI). Ficou famoso por sua suposta capacidade de vidência. Sua obra mais famosa, As Profecias, é composta de versos agrupados em quatro linhas (quadras), organizados em blocos de cem (centúrias); algumas pessoas acreditam que estes versos contém previsões codificadas do futuro3 .

Sofria de epilepsia psíquica, de gota e de insuficiência cardíaca. Morreu em 2 de julho de 1566 em Salon-de-Provence, vítima de um edema cárdio-pulmonar.

Michel de Nostredame nasceu no dia 14 de dezembro de 1503 (ou 21 de dezembro de 1503)2 em Saint-Rémy-de-Provence, no sul da França. Seus pais eram Jaumet (ou Jacques) de Nostredame e Reynière (ou Renée) de Saint-Rémy. Filho mais velho do casal (eram 8 filhos), seu Nostredame vem de seu avô (judeu), que escolheu o nome de Pierre de Nostredame quando se converteu ao catolicismo, provavelmente em 1455 4 . Reyniére era filha de René de Saint-Rémy (filho de Jean V de Saint-Rémy e Silete) e Béatrix Tourrel (filha de Jacques Tourrel). Já Jaumet era filho de Pierre de Nostredame, nascido Pierre de Vélorgues (filho de Amauton de Vélorgues) e Blanche de Sante-Marie (filha de Pierre de Sante-Marie e da senhora de Labia).

Época de estudante

Quando tinha 15 anos, Nostredame entrou na Universidade de Avinhão para cursar o bacharelado. Depois de pouco mais de um ano, quando ele estava estudando o Trivium (gramática, retórica e lógica), teve que sair de lá por causa de uma epidemia de peste negra. Depois de deixar Avinhão ele viajou pelo país por oito anos, de 1521 a 1529, em busca de ervas medicinais. Em 1529, após alguns anos como apotecário (farmacêutico), ele entrou na Universidade de Montpellier para cursar doutorado em medicina. Em 1530, ele foi expulso da universidade porque eles descobriram que ele era apotecário (e isso era proibido segundo os estatutos da universidade).5 O documento de expulsão (BIU Montpellier, Register S 2 folio 87) ainda se encontra na biblioteca da universidade.6 Depois da expulsão, Nostredame voltou a ser apotecário e se tornou famoso por criar uma "pílula rosa" que supostamente protegia as pessoas daquela praga por conter altas doses de vitamina C.7

Química

Nostradamus foi o primeiro a descrever o ácido benzoico, obtido por sublimação da goma de benjoim, obtida do benjoeiro 8 .

Casamentos

A casa de Nostradamus em Salon-de-Provence.
 
Em 1531, Nostredame foi convidado por Julius Caesar Scaliger, um líder polímata, para ir a Agen.9 Lá ele casou-se com uma mulher de nome ainda incerto (provavelmente Henriette d'Encausse), e teve dois filhos com ela.10 Em 1537, sua esposa e os dois filhos morreram supostamente por causa da peste negra. Então viajou pela França e provavelmente pela Itália.9

Em 1545, ele ajudou o físico Louis Serre para combater um surto da praga em Marselha e depois em Salon-de-Provence e Aix-en-Provence. Depois, em 1547, casou-se com uma viúva chamada Anne Ponsarde Gemelle e teve seis filhos com ela (três filhos e três filhas).9

Carreira como vidente

Com seus conhecimentos sobre o ocultismo e com a sua suposta habilidade de prever o futuro, começou a escrever uma série de almanaques anuais, sendo o primeiro lançado em 1550, e passou a utilizar o seu nome em latim, de Nostredame para Nostradamus. Quando ele lançou o livro Les Propheties (As Profecias), muitas pessoas passaram a pensar que ele era o demônio e o chamavam de herege. Mas outras classes sociais aprovaram a publicação, porque suas centúrias inspiravam profecias espirituais. Então o livro chamou a atenção de Catarina de Médicis, esposa de Henrique II de França, que era uma grande admiradora de Nostradamus, e depois ela o chamou para Paris para perguntar a ele qual seria o futuro de seus filhos através do horóscopo.

Últimos anos e morte

Tumba de Nostradamus no Collégiale St-Laurent, Salon.
 
Em 1566, a gota se transformou em edema. Em 1 de Julho, um dia antes de morrer, Nostradamus supostamente previu a sua própria morte, dizendo ao seu secretário Jean de Chavigny: "Você não me achará vivo ao amanhecer". No dia seguinte, ele foi encontrado morto próximo de sua cama e de um banquinho (Presságio 141 [originalmente 152] em Novembro de 1567, que foi postumamente editado por Chavigny para adaptação).6 11 Ele foi enterrado em uma capela local Franciscana (parte da capela foi depois incorporada ao agora restaurante La Brocherie) e depois foi novamente enterrado no Collégiale St-Laurent durante a Revolução Francesa, onde está enterrado até os dias de hoje.9

Carreira e vida pessoal

As profecias de Nostradamus encontram-se ligadas à história do catolicismo, e, em prefácios, ele aponta esta preocupação claramente. Foi considerado como homem erudito, além de seu tempo e aliava-se ao fato de conhecer o latim e o grego , que lhe possibilitavam obter conhecimentos de fontes importantes. Sua grande erudição, conhecimentos de astrologia e astronomia, aliados à intuição, permitiam-lhe um raciocínio bastante acurado a respeito do futuro. De qualquer forma, gerou um impacto em milhões de pessoas, que vêm se pondo em contato com seus escritos nesses quase quinhentos anos.

Teve contatos com três reis da França Rei Henrique II , Rei Francisco II e Rei Carlos IX, graças à rainha Catarina de Médicis, esposa do primeiro e mãe dos seguintes.

Há indícios de que tenha estudado Medicina, mas provas apontam na direção que não tenha se formado, por ter sido expulso da escola de Montpellier, mas de qualquer maneira dedicou muito do seu tempo ao estudo da Astrologia, Alquimia, Literatura e talvez Teologia. Há rumores que, muito jovem, depois de aprender latim, grego e hebraico, viajou por diversas cidades da França, permanecendo durante anos em Bordeaux, Agen e Avinhão , onde dizem que combateu epidemias de peste em condições pouco conhecidas. No entanto, sua ligação com a endemia pode ser inferida por um livro sobre a doença que escreveu mais tarde, mas essa mesma peste, dizem, condenou-o a ficar sem família. Na sua trajetória consta uma viagem para Itália.

Em seus versos, podem-se ver citações de autores como Plutarco, Platão e Jamblico, dentre os filósofos gregos. Muitas destas informações foram coletadas pelo grupo "Nostradamus Research Group" abreviadamente NRG que, tendo a maioria de seus membros na Europa, pode pesquisar "in loco". Esse grupo pode aclarar muitas lendas e folclores que cercam a personalidade de Nostradamus. Além de serem várias pessoas, acaba por existir uma certa diretriz para citar apenas o que for verdadeiro, deixando bem claro onde são suposições e ditos sem maiores provas.

Casou numa pequena cidade, com uma viúva de nome Anna Gemella, de quem teve seis filhos. Passou a residir permanentemente em Salon de Provence. Foi nessa altura que começou a escrever suas "Centúrias" e quando já tinha boa fama por publicar anualmente almanaques, o que fez por mais de dez anos. Estes, por sua vez , tinham muito de astrologia e as previsões para os próximos tempos escritas, em geral, de forma corrente. Havia sempre alguns versos que, muito mais tarde, selecionaram dos almanaques e imprimiram como livro avulso. Não foi Nostradamus que fez isso, mas certamente pessoas interessadas em fazer dinheiro. Escreveu também um livro de receitas, principalmente de cosméticos. São atribuídas a ele algumas traduções. Também dentro das pesquisas do grupo NRG encontram-se a grande influência do livro de profecias Mirabilis Liber que tinha grande curso na Europa medieval e de seu amigo François Rabelais que se tornou um famoso escritor.
Num curto espaço de tempo, suas profecias tornaram-se conhecidas, com supostos acertos que encontravam relação com certos acontecimentos. Na verdade, encaixavam-se nos escritos, talvez por estes serem por demais sinóticos e obscuros, além do fato de se poder manobrar com um francês escrito em 1555.

O Rei Henrique II convidou-o a fazer uma viagem até Paris em 1556, cidade que ficava distante um mês em viagem por carruagem da Provença (Salon), onde ele residia. Ele pôde conhecer seus filhos: Francisco II e Carlos IX, que se tornaram reis, mas viveram pouco e governaram sob a regência de sua mãe Catarina, com a morte do rei, três anos depois (considerada por alguns como prevista na Centúria I-35, mas o próprio Nostradamus não confirmou isso quando do falecimento do rei). De qualquer forma, essa quadra trouxe muita fama ao vidente. Estes acontecimentos que são sempre encontrados depois do fato ocorrido são denominados encaixes pelo NRG.

Posteriormente, sua fama aumentou de maneira significativa, indo além das fronteiras de seu país. Dizem que, de todos os cantos da Europa chegavam celebridades que o procuravam para conhecer o futuro, ou simplesmente, para conhecê-lo pessoalmente. A saúde dele começa a ser abalada, não acompanhando sua fama. Seus livros são editados na Itália e na Alemanha. Por conta da sua fama, muitos livros apareceram com quadras adicionais as suas centúrias, e que não podem ser com certeza atribuídos a Nostradamus. Nessa linha de adições são famosas as edições de "Seve" de 1605 e de "Troyes" de 1611. Há pouco tempo atrás, foram encontradas declarações de um pesquisador já falecido, Daniel Ruzo, de que tais edições são falsas e foram produzidas em 1649. Os argumentos dele são muito eloquentes. As edições posteriores a esta são seguramente falsificações e na Biblioteca de Paris há mais de duzentas obras que querem ter o mérito de terem sido produzidas por Nostradamus, mas são apenas falsificações.

Sofrendo de gota e artrite, piorou em meados de 1566, vindo a falecer no dia 2 de Julho de 1566.Seus restos mortais sepultados em outro local inicialmente, foram trasladados para uma outra igreja em Salon (a Igreja de São Lourenço), onde permanecem até hoje.

Profecias

Centurias impressas em Turim em 1720.
 
Suas profecias compõem-se de quadras em versos métricos decassílabos, reunidas em grupos de cem, daí o nome de centúrias.3 Foram publicadas em várias ocasiões; uma pequena parte em 1555, outra em 1557, sendo que das três últimas centúrias conhecemos apenas edições póstumas. Devido à fama que Nostradamus veio obtendo ao longo do tempo, muitos charlatões tentaram falsificar quadras e versos para fazer dinheiro. Na biblioteca de Paris, existem alguns livros escritos entre 1600 e 1900 que usam descaradamente seu nome. O grupo NRG só reconhece como originais estas citadas. Infelizmente, o dinheiro foi o rumo que procuraram muitas obras que falam do sábio e de sua obra, sem se importarem realmente em descobrir quem era Nostradamus e o que desejava de fato.

Durante cerca de dez anos, ele publicou um almanaque anual, com fatos astrológicos, informações variadas e milhares de presságios. Alguns presságios escritos em versos - mais precisamente cento e quarenta e um - foram estudados em separado por serem muito similares às quadras das Profecias, mas eles são em muito pequeno número em relação ao todo. Exegetas que estudaram esta parte de seu trabalho afirmam que se tratavam de acontecimentos na sua época ou próximos, e, portanto, de pouco valor para a época presente.

Segundo os entusiastas, Nostradamus teria previsto, entre outras coisas, a queda da União Soviética na quadra em que diz: "Um dia serão amigos os dois grandes chefes…". No entanto, os céticos apontam que essas "previsões" só são interpretadas corretamente depois dos fatos, nunca antes.3

Astrologicamente, pode-se ver que algumas quadras previam conjunções de planetas em datas futuras e respondem bem aos fatos que aconteceram naquelas datas.
Pesquisadores de universidades muito conhecidas como Ottawa, Cambridge e Sorbonne desenvolveram uma teoria em que as quadras de Nostradamus se baseavam num fato histórico anterior à sua obra e inspiravam as quadras "futuras". O grupo NRG, pesquisando com seriedade, já detectou mais de cem destes fatos que passaram a ser chamado de ponto de partida, e a previsão baseada em livros em geral de história na sua época de bibliomancia. Algumas citações de Plutarco, um historiador grego, são literais, outras, do historiador romano Suetônio, outras do Mirabilis Liber, etc.

Devemos lembrar que entre a morte de Nostradamus em 1566 e 1650 apareceram muitos livros, principalmente porque rendiam muito dinheiro, arvorando-se produzidos por Nostradamus, de modo que há entre eles duas versões para o prefácio apresentado na primeira edição , denominado "Carta a César" e espantosas sete versões para o prefácio final denominado "Carta ao Rei Henrique II". Há versões além dessas que falamos sabidamente falsas, outras evidências em que as edições apresentadas como verdadeiras, podem ser antedatadas. Há também importantes livros da época que se contrapunham a Nostradamus os quais permitem inferir que havia outras edições que não sobreexistiram e afirmam coisas de tal forma que um grupo de exegetas franceses que por ser sua língua natal, foram os que leram mais dessas edições e congêneres como as "Profecias de Pavillon" e outros para sustentarem a tese de que Nostradamus não era uma pessoa real, mas apenas um personagem.

Alguns estudiosos, como Jean-Claude Pecker do Collège de France em Paris, propõem que Nostradamus não escreveu sobre o futuro, mas sobre o presente, usando de códigos por causa dos tempos conturbados em que ele vivia3 12 .

Sem sombra de dúvidas, a profecia que mais repercutiu em sua carreira foi escrita na primavera de 1523, o jovem Nostradamus aos 20 anos escreveu: "Próximo ao fim, clarões iluminarão o céu do czar, o mais alto renunciará. O ditador padece enquanto o Rei dos Santos derruba sua última lágrima" {Nostradamus - IV,25,11} (versão original: "Vers la fin, le ciel clignote éclairer le tsar, le plus haut démissionner. Le dictateur souffre tandis que le roi de Saints frappe sa dernière larme") sendo claramente visível a descrição do que precederia o apocalipse.

sábado, 24 de janeiro de 2015

A Guerra Fria - À Beira do Juízo

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=KsGKRCE_yr0

Guerra Fria

A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991)  é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, disputando a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

Causas

A União Soviética buscava implantar o socialismo em outros países para que pudessem expandir a igualdade social, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Enquanto os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial o contraste entre o capitalismo e socialismo era predominante entre a política, ideologia e sistemas militares. Apesar da rivalidade e tentativa de influenciar outros países, os Estados Unidos não conflitou a União Soviética (e vice-versa) com armamentos, pois os dois países tinham em posse grande quantidade de armamento nuclear,  e um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, possivelmente, da vida em nosso planeta.  Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã
Com o objetivo de reforçar o capitalismo, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, lança o Plano Marshal, que era um oferecimento de empréstimos com juros baixos e investimentos para que os países arrasados na Segunda Guerra Mundial pudessem se recuperar economicamente. A partir desta estratégia a União Soviética criou, em 1949, o Comecon, que era uma espécie de contestação ao Plano Marshall que impedia seus aliados socialistas de se interessar ao favorecimento proposto pelo então inimigo político.
A Alemanha por sua vez, aderiu o Plano Marshall para se restabelecer, o que fez com que a União Soviética bloqueasse todas as rotas terrestres que davam acesso a Berlim. Desta forma, a Alemanha, apoiada pelos Estados Unidos, abastecia sua parte de Berlim por vias aéreas provocando maior insatisfação soviética e o que provocou  a divisão da Alemanha em Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental.
Em 1949, os Estados Unidos juntamente com seus aliados criam a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que tinha como objetivo manter alianças militares para que estes pudessem se proteger em casos de ataque. Em contra partida, a União Soviética assina com seus aliados o Pacto de Varsóvia que também tinha como objetivo a união das forças militares de toda a Europa Oriental.
Entre os aliados da Otan destacam-se: Estados Unidos, Canadá, Grécia, Bélgica, Itália, França, Alemanha Ocidental, Holanda, Áustria, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Espanha. E os aliados do Pacto de Varsóvia destacam-se: União Soviética, Polônia, Cuba, Alemanha Oriental, China, Coréia do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.

Origem do nome

É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

Envolvimentos Indiretos

Guerra da Coréia : Entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coréia do Sul manteve o sistema capitalista.
Guerra do Vietnã : Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista. 

Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas.
No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Nietzsche e o Super Homem

Nietzsche foi um filósofo nascido em Rocken, na Prussia em 1844 e falecido em 1900.
Entre vários escritos, criou o termo super homem  para designar um ser superior aos demais que, segundo Nietzsche era o modelo ideal para elevar a humanidade. Para ele, a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes.

A meta, segundo Nietzsche, seria o super homem e não a humanidade, que para ele era mera abstração, não existindo em realidade, sendo apenas um imenso formigueiro de indivíduos.

O todo do mundo era para ele como uma imensa oficina, onde algumas vezes as coisas eram bem sucedidas, mas na maioria das vezes, o fracasso era o resultado final. A finalidade das experiências era o aperfeiçoamento do indivíduo e não a felicidade da coletividade.

Segundo Nietzsche, a sociedade é o instrumento para a melhoria do poder e da personalidade do indivíduo, não para a elevação de todos. A princípio ele acreditava no surgimento de uma nova espécie de ser, porém, passou a cogitar a possibilidade do seu “super homem” ser um indivíduo superior, que se elevasse acima da mediocridade e que sua existência se devesse mais ao esforço e a educação, do que pela seleção natural.
Na visão de Nietzsche o ser humano superior não deveria se unir a outro ser humano que não fosse igualmente superior. Em sua visão, o amor é impedimento ao bom senso e o homem não deveria tomar decisões que afetem sua vida, em momentos de paixão, devendo o amor ser deixado para a ralé ou classe menos favorecida, cabendo ao ser superior, o super homem, unir-se com outro ser superior, para assim, dar seguimento ao desenvolvimento da raça e não apenas sua reprodução.

O super homem idealizado por Nietzsche deveria ter uma educação eugênica, no sentido de melhoria da condição humana, condição este subordinada as mais intensas responsabilidades e cobranças por melhorias constantes, sem esmorecimentos ou condescendências, onde o corpo e a alma aprenderiam a obedecer e a vontade a subordinar-se a disciplina.

A característica dominante do super homem de Nietzsche seria o amor à  luta e ao perigo, deixando a felicidade para a maioria, os meros humanos normais, pois ao super homem caberia o dever de elevar-se além dos limites estabelecidos pela normalidade, pois nada mais terrível do que a supremacia das massas, segundo Nietzsche.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Documentário Time Will Tell - Bob Marley (Legendado - 5/5)

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Muee9ybr-N8

Documentário Time Will Tell - Bob Marley (Legendado - 4/5)

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=ZLK-zB-z890

Documentário Time Will Tell - Bob Marley (Legendado - 3/5)

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=K_WFErS6K54

Documentário Time Will Tell - Bob Marley (Legendado - 2/5)

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=LEVltIi4Y7w

Documentário Time Will Tell - Bob Marley(Legendado1/5)

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG-CXEpqnR0

Bob Marley - A História de Robert Nesta Marley

Bob Marley, o ícone do gênero, o primeiro grande astro vindo do terceiro mundo, foi uma figura tão especial e carismática que sua existência tomou ares proféticos. Parece que veio predestinado ao mundo sob a simbologia da união dos povos e miscigenação.

Fruto do amor de uma jovem negra de 18 anos, Cedella Booker, e de um homem branco mais velho, o capitão Norval Sinclair Marley, Bob nasceu dia 6 de fevereiro de 1945 no vilarejo de Nine Miles, interior da Jamaica.

Em apenas 36 anos de vida, não só colocou sua pequena ilha no mapa, como revolucionou a música, hábitos e comportamentos pelos quatro cantos do mundo.

Bob Marley viveu em sua primeira infância uma vida natural do campo. Quando tinha 8 anos, Cedella, sua mãe, juntou-se a Toddy Livingstone, pai de Bunny, seu amigo desde a tenra infância na vila de Nine Miles. A nova família mudou-se para a capital Kingston, indo se instalar em Trench Town, uma das favelas mais impressionantes da ilha. Cedella trabalhava como doméstica e esforçava-se para que Bob tivesse uma boa educação matriculando-o numa escola particular.´

 

Já nesta época o garotinho Bob tinha uma ligação forte com a música. Ele e seu amigo Bunny improvisavam guitarras feitas de lata e brincavam de acompanhar os sucessos vindos da América, particularmente de New Orleans, sintonizados em um radinho transistorizado.

Eles captavam Ray Charles, Fats Domino, Brook Benton (um dos preferidos de Marley) e grupos como os Drifters, que eram muito populares na Jamaica.

Nesta época a juventude jamaicana fervia com esta gama variada de rhythm and blues americanos, mas ter um rádio transistor para captar a nova onda era luxo, por isto nomes como Clement Dodd, Leslie Cong e outros, ficaram famosos por seus sound-systems (sistemas de som), normalmente um furgão equipado com aparelhagem suficiente para fazer a rapaziada se animar com os últimos sucessos chegados dos States.

Por volta dos anos 60, o movimento R&B começou a decair nos Estados Unidos e tornou-se difícil a aquisição de discos para satisfazer a dieta insaciável de lançamentos que o povo jamaicano exigia.

Os donos dos Sound-Systems se viram então obrigados a investir no talento dos músicos locais. Começava-se a desenvolver nesta época na ilha, uma música que incorporava as tradições musicais jamaicanas com influências do R&B e das Big Bands, resultando no vibrante som do Ska.

Os donos de sound systems tornaram-se então produtores. Alugavam algum estúdio de duas pistas, descobriam algum rapaz que tivesse o talento de cantar suas emoções vividas nas ruas de Kingston, e faziam discos.

Bunny Wailer, Bob Marley e Peter Tosh
Quando Bob deixou a escola aos 14 anos, parecia ter apenas uma ambição: a música. Mas, muito para agradar sua mãe, que temia que ele se tornasse um rudie boy (como são conhecidos os delinqüentes juvenis na Jamaica), Bob arranjou um emprego de soldador.

As horas livres, passava ao lado de Bunny aperfeiçoando suas habilidades vocais. Eles eram ajudados por um dos mais célebres habitantes de Trench Town na época, o cantor Joe Higgs, que dava aulas informais de canto para artistas aspirantes que estivessem interessados em aperfeiçoar suas habilidades.

Foi numa destas sessões que Bob e Bunny conheceram Peter Tosh, outro jovem com grande ambição na música.


Em 1962 Bob fez uma audiência para o produtor Leslie Cong, que veio a bancar suas primeiras gravações. "Judge Not" de composição de Marley, foi a primeira. Apesar de as músicas gravadas não terem sido executadas nas rádios e chamado pouca atenção do público, só vieram confirmar a ambição de Marley de se tornar cantor.

No ano seguinte Bob decidiu que o caminho a seguir seria montar um grupo. Se juntou com Bunny e Peter para formar os "Wailing Wailers". O novo grupo tinha um mentor, o percussionista Rastafari chamado Alvin Peterson, que apresentou os garotos para o produtor Clement Dodd.

No verão de 1963, Dodd ouviu os Wailing Wailers e, satisfeito com o som do grupo, resolveu gravá-los e os pôr prá valer nas paradas.

Bob Marley e Rita Marley
Os Wailing Wailers finalizaram seu primeiro single, "Simmer Down" através do selo de Coxone, durante as últimas semanas de 1963. Já em janeiro do ano seguinte era a primeira nas paradas jamaicanas, e se manteve nesta posição durante os próximos dois meses.

O grupo, Bob, Bunny e Peter juntamente com outro cantor, Junior Braithwaite e mais duas backing vocals, Berverly Kelso e Cherry Smith, eram a grande novidade no cenário jamaicano. "Simmer Down" causou grande sensação na ilha e os Wailing Wailers começaram a gravar com regularidade para o legendário Studio One de Coxone.

O grupo agora criava novos temas se indentificando com os Rudie Boys das ruas de Kingston. A música jamaicana finalmente tinha uma identidade e alguém que falava a mais pura linguagem do gueto.

Bob e Rita se casam.


Nos próximos anos os Wailers colocaram mais alguns hits nas paradas da ilha, o que estabeleceu a popularidade do grupo mas, apesar disto as dificuldades econômicas que atravessavam fez com que Junior Braithwaite, Berverly Kelso e Cherry Smith, deixassem a banda.

A mãe de Marley havia se casado novamente e se mudado para Delaware, nos Estados Unidos, aonde economizou algum dinheiro para mandar uma passagem de avião para o jovem Marley, naquela altura com 20 anos. A intenção da mãe de Bob era que lá ele começasse uma nova vida.

Mas antes que ele se mudasse para a América do Norte ele conheceu uma jovem chamada Rita Anderson, e no dia 10 de fevereiro de 1966 eles estavam casados.

A estadia de Marley nos Estados Unidos teve vida curta. Ele só trabalhou lá o suficiente para financiar sua verdadeira ambição: a música.

Em outubro de 1966 Bob Marley, depois de oito meses na América do Norte, retornou a Jamaica. Este foi um período decisivo na sua formação.

O imperador Haile Sellasie havia feito uma visita de estado na Jamaica em abril daquele ano, e durante o período em que Bob esteve fora, o movimento Rastafari ganhou nova vida nas ruas de Kingston. Marley começou cada vez mais a se aprofundar dentro da cultura Rastafari.

Em 1967 a música de Bob já refletia sua nova crença. Ao invés de cantar hinos para os Rude Boys, Marley começou a compor temas sociais e espirituais, o que se tornou sua marca registrada e seu maior legado.

Marley uniu novamente Peter Tosh e Bunny para reorganizar o grupo. Eles simplificaram o nome original "Wailling Wailers" para "The Wailers". Rita tinha iniciado sua carreira como cantora e alcançou um grande sucesso nas paradas com a música "Pied Piper", uma versão cover de uma música pop inglesa.

A música jamaicana estava se transformando. O agitado ska tinha sido substituído por um ritmo mais lento e sensual chamado rock steady.

O compromisso que os Wailers vinham assumindo com o Rastafarianismo provocou um certo conflito com o produtor Clement Dodd. Então eles decidiram controlar seu destino fundando seu próprio selo, Waili'N'Soul. Devido à ingenuidade dos garotos nos negócios, apesar de terem conseguido algum sucesso no princípio, a firma acabou falindo no final de 1967.

O grupo apesar disto sobreviveu, inicialmente como compositores para uma companhia associada ao cantor americano Johnny Nash, que na década seguinte teve um grande sucesso internacional com a música "Stir It Up" de Marley.

Os Wailers também se uniram nesta época ao produtor Lee Perry, o mago dos estúdios, que transformou as possibilidades técnicas de gravação em uma forma requintada de arte. A união dos Wailers com Lee Perry resultou em algumas das mais belas produções da banda. Faixas como "Soul Rebel", "Duppy Conqueror", "400 Years" e "Small Axe" não foram apenas clássicos, mas definiram a direção do reggae.

Family Man No início dos anos 70 o baixista Aston "Family Man" Barret e seu irmão o baterista Carlton se uniram aos Wailers. Eram eles que formavam a base rítmica dos "Upseters", o grupo de estúdio de Lee Perry com quem os Wailers tinham gravado em todas aquelas sessões junto ao produtor. Os dois irmãos tinham também seu próprio grupo, os Hippy Boys. Pode-se dizer que foram eles que inventaram a síntese "baixo & batera" do que veio a ser o reggae dos anos 70.

Era indiscutivelmente a melhor sessão rítmica da época e o Wailers junto à eles começou a ganhar forma. Anos mais tarde Family Man numa declaração disse:

- "Nós éramos a melhor cozinha e os Wailers o melhor grupo vocal da Jamaica, então nos perguntamos, porque não por o mundo de joelhos?"

A reputação do grupo era aclamada por todo Caribe, mas continuavam desconhecidos internacionalmente.

 

 

No verão de 1971 Bob aceitou o convite de Johnny Nash para acompanhá-lo até a Suécia, aonde o cantor americano tinha sido encarregado de produzir a trilha sonora para um filme suéco. Enquanto estava na Europa Marley assinou um contrato com a CBS, que naturalmente também era a gravadora de Nash. No verão de 72 todos integrantes dos Wailers estavam em Londres promovendo ostensivamente o single deles para CBS "Reggae on Broadway". Mas assim como o filme de Nash, o projeto fracassou e os Wailers se viram em maus lençóis numa terra distante. Como última cartada Bob se dirigiu aos estúdios da Island Records e perguntou se podia ver seu fundador Chris Blackwell.

Chris Blackwell um jamaicano branco, descendente de ingleses, pertencente a uma rica e tradicional família da ilha, havia fundado a Island Records ainda no final dos anos 50 e já estava envolvido com a cultura musical jamaicana, mesmo antes da época do Ska. A companhia foi uma das pioneiras em exportar a música jamaicana para o mundo e na década de 60 se tornou a principal responsável por lançamentos e divulgação da música da ilha no Reino Unido, desde o ska, passando pelo rocksteady até o reggae. A Island, ainda nos anos 60 também espandiu seus negócios para o rock'n roll, tendo em seu "casting" artistas como Traffic, Jethro Tull, King Crimson, Cat Stevens, Free e Fairport Convention. Assim, quando Marley fez seus primeiros passos dentro da Island em 1971, ele estava se conectando com a mais quente das gravadoras independentes na época.

Blackwell sabia da reputação de Marley na Jamaica. Tanto o lado no qual eram conhecidos como um bando de Rudie Boys "problema", quanto a de que eram de qualidade e fibra inigualáveis e que, acima de tudo eram muito populares e respeitados tanto na Jamaica como, já na época, em todo caribe. Foi oferecida ao grupo uma oferta de confiança aonde Chris Blackwell, o contratante, dava um adiantamento de £ 4.000 (o equivalente aproximadamente a US $ 8.000), e uma carta branca para eles irem para Jamaica e produzirem o material para o primeiro álbum na Island Records.

Pela primeira vez uma banda de reggae tinha este tipo de tratamento, (pode-se dizer) comparável à seus contemporâneos do rock n' roll, com acesso ao mais alto nível de gravação. Antes disso, considerava-se que reggae só vendia discos "singles" ou coletâneas de baixo custo. Blackwell foi advertido por várias pessoas a não confiar tanto assim nos garotos e que possivelmente eles sumiriam com o dinheiro sem que se visse resultado de gravação alguma. Depois de alguns meses os Wailers estavam de volta à Londres com o material que tinham arrancado de sessões devotadas, nos estúdios Dinamic e Harry. J., em Kingston.

Bob Marley e The Wailers - Catch A Fire
Para tornar o material mais palatável aos ouvidos do público internacional, foram acrescentadas às gravações originais, solos de guitarra e linha de teclados executadas por músicos ingleses.

A estratégia de Blackwell consistia em promover o carisma natural dos Wailers como sendo a mais nova e mais poderosa força musical do mundo do rock.

O resultado disso, o disco "Catch A Fire", já chegou quebrando tudo.

Com uma sugestiva embalagem em forma de isqueiro, de onde se retira o vinil abrindo a tampa, o disco foi pesadamente promovido, iniciando a partir daí a escalada internacional do sucesso e reconhecimento de Marley.


A cadência de Marley, aliada a suas letras engajadas contrastavam completamente com o que rolava no cenário do rock da época. A gravadora decidiu que os Wailers deveriam excursionar fazendo shows tanto no Reino Unido, como também nos Estados Unidos, de novo uma completa novidade para uma banda de reggae.

A banda embarcou numa excursão pela Europa, o que a solidificou em suas performances ao vivo. Depois de três meses voltaram à Jamaica, e Bunny, decepcionado com a vida na estrada, se recusou a participar da tour pelos Estados Unidos. Foi substituído por Joe Higgs, o mestre musical dos ainda adolescentes Wailers, nos tempos de Trench Town.

Nos Estados Unidos os Wailers lotaram alguns clubes noturnos e abriram shows para artistas como o jovem Bruce Springsteen. A repercussão da banda em sua turnê andava tão bem que foram arranjadas 17 datas para os Wailers abrirem os shows de Sly & The Family Stone, na época a maior banda de black music da América.

Depois de abrir quatro shows para Sly, os Wailers foram limados da turnê. Pelo que parece, os Wailers faziam sombra para o show que deveria ser a atração principal. De qualquer maneira seguiram para São Francisco aonde gravaram uma audição ao vivo para a pioneira rádio rock, KSAN. Sessão esta que veio a se tornar o material para o disco "Talkin'Blues", lançado em 1991 pela Island Records.

O primeiro sinal de que a projeção de Bob Marley como astro internacional estava garantida viria através de um presente de Chris Blackwell, para o proeminente novo artista de seu casting. Logo após o impacto do LP "Catch a Fire" no mercado europeu, Blackwell entregou à Marley as chaves da Island House, uma imponente mansão situada na Hope Road Avenue, parte rica da cidade, inclusive muito próxima à sede do governo, que ficava rua abaixo com seus imensos jardins. Em pouco tempo o novo "yard" de Marley se tornaria um núcleo de criação e uma espécie de comunidade, com livre acesso para toda família, amigos do gheto, sacerdotes rastas, namoradas de uns e outros, músicos, jornalistas estrangeiros, e mais alguns outros que eventualmente aparecessem pra jogar aquele futiba improvisado no final de tarde.

Eric Clapton
Este clima de euforia de uma nova vida comunitária religiosa e criativa encontraria sua tradução no disco "Burnin", segundo lançamento dos Wailers pela Island Records. Na contracapa de "Burnin", Marley aparece mais uma vez provocando as normas estabelecidas do sistema, empunhando um enorme cigarro de palha em forma de cone, provavelmente recheado com ervas ainda não legalizadas. Na parte interna do álbum, fotos de pessoas do gueto, rastas e um contraponto entre a riqueza de sorrisos do povo em uma ilha ensolarada e a miséria propriamente dita. As músicas com um conteúdo ainda mais politizado e social que as do álbum anterior atingiam o público branco da Europa e Estados Unidos com "pedradas" como "Get Up Stand Up" , "I Shot the Sheriff", "Burnin and Lootin", etc. Uma verdadeira revolução.

Celebridades como Paul McCartney, Mick Jagger e toda essa galera de peso começa a pagar o maior pau pro exótico jamaicano Marley.

O lendário Eric Clapton ressurgiu como Fênix gravando "I shot the sherif", versão que atingiu os primeiros lugares nas paradas, colocou o guitarrista inglês novamente no cenário e ajudou a alavancar ainda mais a carreira de Marley.

Em fevereiro de 1975, "Natty Dread" foi lançado. Graças ao sucesso da faixa "No Woman No Cry", que atingiu o primeiro lugar na parada inglesa, Marley se tornou ainda mais popular.

A essa altura o grupo já não contava mais com Bunny e Peter, que partiram para suas carreiras solo e foram substituídos pelas I-Threes,as cantoras Judy Mowatt, Marcia Griffiths e a mulher de Bob, Rita Marley.

Com o lançamento do próximo disco, "Rastaman Vibration", em 1976, o cantor começou a ser conhecido nos Estados Unidos. Na Jamaica sua fama já era quase mística, e em grande parte graças a ele, o pensamento rastafari estava se tornando uma febre entre os jovens. Disputava-se aquele ano uma das mais sangrentas batalhas eleitorais na história da ilha. A violência era tanta que em junho foi decretada a lei marcial. Em meio a este quadro também havia o fato de o imperador Haile Selassie, considerado pelos rastas como Messias, ter falecido.

 

 

Nos últimos dias de novembro, a situação estava ficando preta. Bob iria participar, no dia 5 de dezembro, de um show promovido pelo PNP (partido de cunho socialista presidido por Michael Manley), para supostamente apaziguar as tensões antes das eleições, marcadas para dali uns dias. Manley, na oposição, tentava atrair para si o prestígio que a comunidade rasta adquiria na ilha, acenando com uma possível legalização da ganja (maconha) e um plano de governo socializante, inclusive com uma maior aproximação com a vizinha Cuba. Uma semana antes do evento, um esquema de segurança armado pelo partido foi instalado 24 horas por dia diante do número 56 da Hope Road, casa de Marley.

Dois dias antes do show, porém, a casa foi invadida por um grupo de pistoleiros que adentrou a sala aonde Marley estava ensaiando, e disparou tiros em todas as direções, com o intuito de matá-lo. Miraculosamente ninguém foi morto no ataque noturno. Don Taylor, empresário de Marley estava se aproximando dele no exato momento em que os homens começaram a disparar, levando vários tiros e tendo como legado deste fato uma vida sobre a cadeira de rodas. Um carro de polícia que passava nos arredores entrou em cena no auge do pandemônio, assustando os pretensos assassinos e levando-os a uma rapidíssima retirada. Rita Marley levou um tiro de raspão na cabeça. O projétil ficou alojado em seu couro cabeludo. Marley recebeu um tiro que raspou seu peito logo abaixo do coração e penetrou profundamente em seu braço esquerdo. O caso de Marley foi o menos grave entre os atigidos, sendo o primeiro a sair do hospital.

Após ser liberado pelos médicos, Marley foi levado às pressas sob a escolta da polícia e de amigos mais próximos à um esconderijo no alto das "Blue Montains". No dia 5 de Dezembro, Bob, depois de muitas conjecturas, resolveu subir ao palco do festival. Ainda com os curativos, Marley se apresentou no "Smile Jamaica", representando enquanto cantava, a cena da emboscada, e depois mostrando para o público seus ferimentos.

Logo após o show o cantor mudou-se para Londres, onde gravou seu disco "Exodus". A partir de então o sucesso do grupo só aumentou e cada disco lançado figurava nas primeiras posições das paradas inglesas e americanas.

The Wailers - Abril - 1980 - foto: Adrian Boot
Em cima, da esq. para dir.: o baterista Carlton Barrett, Bob Marley, o percussionista Alvin Patterson, e o guitarrista Al Anderson.
Embaixo, da esq. para dir.: o tecladista Earl Lindo, tecladista Tyrone Downey, o baixista Aston 'Family Man' Barrett e o guitarrista Junior Marvin.
Em 1978 o cantor recebeu a medalha da paz, oferecida pela ONU, em Nova Iorque. No mesmo ano foi, pela primeira vez, à África, onde visitou o Quênia e a Etiópia, país especialmente reverenciado pelos rastas, terra do imperador Haile Selassie, considerado por eles como seu messias. Depois de uma nova turnê pela Europa e EUA, o grupo lançou o disco ao vivo "Babylon By Bus", e tocou na Austrália, Japão e Nova Zelândia.

Com seu nono álbum, "Survival", de 79, Marley já havia tornado o reggae um estilo internacional, conhecido no mundo todo. A África era o único continente em que o grupo ainda não havia se apresentado, mas em 1980, Bob Marley foi convidado a se apresentar com os Wailers na cerimônia de independência do Zimbabwe.

Em maio de 1980 foi lançado "Uprising", sucesso instantâneo no mundo inteiro com hits como "Could you be loved" e a comovente faixa de encerramento "Redemption Song", além de outras pedradas como "Work" e "Coming In From the Cold". Os Wailers embarcaram na sua maior turnê européia, arrasando quarteirões em todos os lugares em que passaram, incluindo o legendário show em Milão, Itália, com público estimado em 100.000 pessoas, recorde absoluto até então para qualquer banda do mundo. Bob Marley & the Wailers eram simplesmente a banda em turnê mais importante daquele ano e o álbum "Uprising" bateu todas as paradas de sucesso no continente europeu. Foi um período de máximo otimismo na carreira de Marley. Planejava-se para o inverno daquele ano uma turnê americana ao lado de Stevie Wonder. Após a turnê européia Marley e a banda partiram para os Estados Unidos.

Marley fez dois shows no Madison Square Garden. Durante a segunda apresentação, passou mal no palco. Começou a ser averiguado o que se passava com o ídolo do reggae. Bob chegou a fazer ainda mais um show em Pittsburgh, mas logo o mundo recebeu a triste notícia de que Marley estava com câncer. O câncer teria sido decorrente de um ferimento infeccionado no dedão do pé, que ele teria sofrido três anos antes, durante uma partida de futebol em Londres.

Ele lutou com a doença durante oito meses buscando tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels na Bavária. Durante algum tempo o estado de Marley parecia ter se estabilizado com o tratamento naturalista do Dr. Issels, mas em Maio, já abatido quase que totalmente pela doença Marley resolveu retornar para sua casa na Jamaica, jornada que ele não conseguiu completar.

Bob Marley morreu aos 36 anos de idade, mas seu legado permanece vibrando ao som de sua música.

Confira abaixo o documentário Time Will Fell e uma entrevista e visita ao 'Bob Marley Museum' em Kingston, capital da Jamaica.


Fonte: http://www.reggaeraiz.com.br/bob-marley.html