PROFESSORA ANDRÉA

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O que é o Feminismo?

O feminismo é um movimento que tem origem no ano de 1848, na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque. Este movimento adquire cunho reivindicatório por ocasião das grandes revoluções. As conquistas da Revolução Francesa, que tinha como lema Igualdade, Liberdade e Fraternidade, são reivindicadas pelas feministas porque elas acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. Algumas conquistas podem ser registradas como conseqüência da participação da mulher nesta revolução, um exemplo é o divórcio.

Os movimentos feministas são, sobretudo, movimentos políticos cuja meta é conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens. Além disso, os movimentos feministas são movimentos intelectuais e teóricos que procuram desnaturalizar a idéia de que há uma diferença entre os gêneros. No que se refere aos seus direitos, não deve haver diferenciação entre os sexos. No entanto, a diferenciação dos gêneros é naturalizada em praticamente todas as culturas humanas.

Houve momentos na história da humanidade, como na Idade Média, em que a mulher tinha direitos mais abrangentes como acesso total à profissão e à propriedade além de chefiar a família. Estes espaços se fecharam com o advento do capitalismo. De modo geral, quase sempre houve hegemonia masculina nos diferentes espaços públicos e da mulher no espaço doméstico.


A luta dos movimentos feministas não se esgota na equalização das condições de trabalho entre homens e mulheres. Trata-se de modificar a concepção, naturalizada, de que a mulher é mais “frágil” que o homem.
O movimento feminista se fortifica por ocasião da Revolução Industrial, quando a mulher assume postos de trabalho e é explorada pelo fato de que assume uma tripla jornada de trabalho, dentro e fora de casa.

Na década de 1960, a publicação do livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, viria influenciar os movimentos feministas na medida em que mostra que a hierarquização dos sexos é uma construção social e não uma questão biológica. Ou seja, a condição da mulher na sociedade é uma construção da sociedade patriarcal. Assim, a luta dos movimentos feministas, além dos direitos pela igualdade de direitos incorpora a discussão acerca das raízes culturais da desigualdade entre os sexos.

Porque os movimentos feministas se opõem às normas hegemônicas de atuação dos homens na sociedade, e por desinformação acerca dos objetivos do movimento, estes sofrem diversas críticas. Muitos acreditam que as mulheres pregam o ódio contra os homens ou tentam vê-los como inferiores. Os grupos feministas podem ser vistos, ainda, como destruidores dos papéis tradicionais assumidos por homens e mulheres ou como destruidores da família.

As feministas afirmam que sua luta não tem por objetivo destruir tradições ou a família, mas alterar a concepção de que “lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”. O compromisso dos movimentos feministas é pôr fim à dominação masculina e à estrutura patriarcal. Com isso, acreditam, garantirão a igualdade de direitos.

Link: http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Simone de Beauvoir



Simone de Beauvoir nasceu em uma família pequeno-burguesa parisiense em 9 de janeiro de 1908. Sua mãe, muito católica, garantiu que ela e sua irmã mais nova, Hélène (apelidada Poupette), tivessem uma educação conservadora no tradicional Institut Adeline Désir, o Cours Désir, onde meninas eram formadas para serem esposas dedicadas, mães de família e donas de casa. Foi na escola, aos dez anos, que Simone de Beauvoir conheceu sua melhor amiga da infância e juventude: Elisabeth Mabille, mais conhecida por seu apelido, Zaza. A morte de Zaza, quando ambas tinham por volta de 20 anos, foi uma das mais doloridas perdas da vida de Simone.

Apesar de ser sempre a melhor – ou segunda melhor – aluna da classe, a formação conservadora não conseguiu aplacar os desejos de liberdade da jovem Simone. Aos 13 anos, ela estava decidida a se tornar escritora. Simone, adolescente, começou a escrever diários e tentativas de romances. Aos 14 anos, deixou de acreditar em Deus, embora fizesse dessa descrença um segredo para a família e as colegas do Cours Désir. Aos 15, Simone tem sua primeira paixão: seu primo Jacques. A família desejava o casamento, mas aos poucos ela percebe que a relação – que nunca chegou a se configurar como um namoro – não teria futuro.
 

Em 1926, entrou para a Universidade de Paris – Sorbonne, no curso de Filosofia. Eram seus colegas de faculdade futuros intelectuais como Simone Weil (com quem se revezava no lugar de primeira aluna), Claude Lévi-Strauss, Maurice Merleau-Ponty. Em 1929, quando preparava seu exame de agrégation, Simone de Beauvoir conheceu o também aluno da Sorbonne Jean-Paul Sartre. Pouco mais velho que Simone, Sartre era polêmico na universidade, considerado um jovem gênio, mas havia sido reprovado no exame de agrégation em 1928 e refazia, então, sua preparação. Ambos foram aprovados no exame, Sartre em primeiro lugar; Simone, em segundo, como a pessoa mais jovem e a nona mulher a obter o título, que permitia ensinar Filosofia nas escolas francesas.

A morte de Zaza, que Simone atribui a condições ligadas ao conservadorismo da família, o inconformismo com o tratamento diferenciado para homens e mulheres, os conflitos com as restrições impostas por sua própria família levam Simone a romper com os padrões de comportamento considerados aceitáveis para uma mulher na época. Ela se recusa a se casar, a permanecer na casa dos pais, a sacrificar sua liberdade por qualquer convenção.
 

A partir de 1931, Simone se tornou professora de Filosofia, primeiro em Marseille, depois em Rouen, e começou a escrever romances em seu tempo livre. Sua vida passou a ser dedicada à escrita, ao amor e à cumplicidade afetiva e intelectual com Sartre, à rede de amigos que eles começam a construir, ao prazer dos livros, das discussões filosóficas, da descoberta do mundo e das viagens. Sem grandes pretensões, Sartre começava a pensar sobre o mundo e a esboçar as primeiras teses do que depois iria embasar o Existencialismo. Tinha em Simone sua principal questionadora e colaboradora. Juntos, criavam uma doutrina filosófica.

Em 1943, a escritora Simone estava pronta para o mundo. Publicou então seu primeiro romance, A Convidada. Em 1944, O Sangue dos Outros. Além dos romances, ela se dedicava também aos ensaios filosóficos e, alguns anos mais tarde, às memórias. Simone é hoje considerada uma das mais importantes memorialistas do século 20. Em 1945, Sartre e Simone fundaram a revista Les Temps Modernes, que atualmente é publicada pelas Éditions Gallimard. Em 1947, ela foi convidada para uma série de conferências nos Estados Unidos, e lá conheceu o escritor Nelson Algren, com quem viveu um romance à distância, marcado por muitas cartas e muitas viagens.


Em 1949, após longa pesquisa, ela publicou: O Segundo Sexo, primeiro grande e detalhado ensaio sobre a condição da mulher. Apesar de Simone não ser feminista à época, o livro se tornou o mais importante trabalho de reflexão filosófica e sociológica sobre a mulher e ajudou a traçar os caminhos do feminismo a partir de então. O livro é uma análise sobre a hierarquia dos sexos e a opressão da mulher em termos biológicos, históricos, sociais e políticos.


         Para a sociedade da década de 1950, o livro foi um escândalo. As reações contra a obra foram violentas. Direita e esquerda passaram a ter algo em comum: reprovavam veementemente as ideias de Simone de Beauvoir, sobretudo aquelas expostas no capítulo sobre a maternidade, em que ela falava sobre o direito ao aborto. A Igreja Católica incluiu o livro no Index, a lista de obras proibidas. Com a repercussão do livro, a permanêcia de Simone em Paris se tornou insustentável e ela partiu em viagem com Algren pela Europa e norte da África.




Entre os anos 1950 e 1960, a ação política de Sartre colocou o casal em evidência no mundo. Eles viajaram à então União Soviética, à China, à Suécia, ao Brasil. Ambos eram definitivamente reconhecidos por unir sua força intelectual ao engajamento político. Em 1954, Simone publica Os Mandarins, por muitos considerado seu melhor romance. O livro lhe rendeu o Prêmio Goncourt daquele ano. Todas as atenções se voltavam, então, para a vida intelectual, mas também sexual e amorosa de Simone. Depois de Os Mandarins, Simone começou a trabalhar em seus livros de memórias: Memórias de uma Moça Bem-Comportada (1958), A Força da Idade (1960) e A Força das Coisas (1963). Publicou também vários ensaios, relatos de viagens, a obra em que fala sobre a morte de sua mãe, Uma Morte Muito Suave (1964), e a novela A Mulher Desiludida (1967).

Nos anos 1970, Simone de Beauvoir publicou o quarto volume de suas memórias, Balanço Final (1972) e passou a apoiar oficialmente as ações do movimento feminista. Em 1974, criou a Ligue du Droit des Femmes. Ao final da década, Sartre estava seriamente debilitado, sua saúde frágil não permitiu que ele se recuperasse de uma pneumonia. Ele faleceu em 15 de abril de 1980. Pouco mais de um ano depois, em maio de 1981, morreu Nelson Algren. Simone enfrentou as perdas com lucidez e refletiu sobre a morte em seus últimos escritos. A Cerimônia do Adeus (1981) foi o último livro publicado em vida pela escritora, filósofa e memorialista. Sua saúde começou, então, a se debilitar.


Simone morreu em 14 de abril de 1986, um dia antes do aniversário da morte de Sartre, tendo realizado seus dois sonhos de infância: o de se tornar escritora e o de ser uma mulher independente. Mas também sem realizar um de seus maiores desejos desde que conheceu Sartre: o de que seu companheiro de toda a vida não morresse antes dela.