PROFESSORA ANDRÉA

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O que é o Feminismo?

O feminismo é um movimento que tem origem no ano de 1848, na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque. Este movimento adquire cunho reivindicatório por ocasião das grandes revoluções. As conquistas da Revolução Francesa, que tinha como lema Igualdade, Liberdade e Fraternidade, são reivindicadas pelas feministas porque elas acreditavam que os direitos sociais e políticos adquiridos a partir das revoluções deveriam se estender a elas enquanto cidadãs. Algumas conquistas podem ser registradas como conseqüência da participação da mulher nesta revolução, um exemplo é o divórcio.

Os movimentos feministas são, sobretudo, movimentos políticos cuja meta é conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens. Além disso, os movimentos feministas são movimentos intelectuais e teóricos que procuram desnaturalizar a idéia de que há uma diferença entre os gêneros. No que se refere aos seus direitos, não deve haver diferenciação entre os sexos. No entanto, a diferenciação dos gêneros é naturalizada em praticamente todas as culturas humanas.

Houve momentos na história da humanidade, como na Idade Média, em que a mulher tinha direitos mais abrangentes como acesso total à profissão e à propriedade além de chefiar a família. Estes espaços se fecharam com o advento do capitalismo. De modo geral, quase sempre houve hegemonia masculina nos diferentes espaços públicos e da mulher no espaço doméstico.


A luta dos movimentos feministas não se esgota na equalização das condições de trabalho entre homens e mulheres. Trata-se de modificar a concepção, naturalizada, de que a mulher é mais “frágil” que o homem.
O movimento feminista se fortifica por ocasião da Revolução Industrial, quando a mulher assume postos de trabalho e é explorada pelo fato de que assume uma tripla jornada de trabalho, dentro e fora de casa.

Na década de 1960, a publicação do livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, viria influenciar os movimentos feministas na medida em que mostra que a hierarquização dos sexos é uma construção social e não uma questão biológica. Ou seja, a condição da mulher na sociedade é uma construção da sociedade patriarcal. Assim, a luta dos movimentos feministas, além dos direitos pela igualdade de direitos incorpora a discussão acerca das raízes culturais da desigualdade entre os sexos.

Porque os movimentos feministas se opõem às normas hegemônicas de atuação dos homens na sociedade, e por desinformação acerca dos objetivos do movimento, estes sofrem diversas críticas. Muitos acreditam que as mulheres pregam o ódio contra os homens ou tentam vê-los como inferiores. Os grupos feministas podem ser vistos, ainda, como destruidores dos papéis tradicionais assumidos por homens e mulheres ou como destruidores da família.

As feministas afirmam que sua luta não tem por objetivo destruir tradições ou a família, mas alterar a concepção de que “lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos”. O compromisso dos movimentos feministas é pôr fim à dominação masculina e à estrutura patriarcal. Com isso, acreditam, garantirão a igualdade de direitos.

Link: http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Simone de Beauvoir



Simone de Beauvoir nasceu em uma família pequeno-burguesa parisiense em 9 de janeiro de 1908. Sua mãe, muito católica, garantiu que ela e sua irmã mais nova, Hélène (apelidada Poupette), tivessem uma educação conservadora no tradicional Institut Adeline Désir, o Cours Désir, onde meninas eram formadas para serem esposas dedicadas, mães de família e donas de casa. Foi na escola, aos dez anos, que Simone de Beauvoir conheceu sua melhor amiga da infância e juventude: Elisabeth Mabille, mais conhecida por seu apelido, Zaza. A morte de Zaza, quando ambas tinham por volta de 20 anos, foi uma das mais doloridas perdas da vida de Simone.

Apesar de ser sempre a melhor – ou segunda melhor – aluna da classe, a formação conservadora não conseguiu aplacar os desejos de liberdade da jovem Simone. Aos 13 anos, ela estava decidida a se tornar escritora. Simone, adolescente, começou a escrever diários e tentativas de romances. Aos 14 anos, deixou de acreditar em Deus, embora fizesse dessa descrença um segredo para a família e as colegas do Cours Désir. Aos 15, Simone tem sua primeira paixão: seu primo Jacques. A família desejava o casamento, mas aos poucos ela percebe que a relação – que nunca chegou a se configurar como um namoro – não teria futuro.
 

Em 1926, entrou para a Universidade de Paris – Sorbonne, no curso de Filosofia. Eram seus colegas de faculdade futuros intelectuais como Simone Weil (com quem se revezava no lugar de primeira aluna), Claude Lévi-Strauss, Maurice Merleau-Ponty. Em 1929, quando preparava seu exame de agrégation, Simone de Beauvoir conheceu o também aluno da Sorbonne Jean-Paul Sartre. Pouco mais velho que Simone, Sartre era polêmico na universidade, considerado um jovem gênio, mas havia sido reprovado no exame de agrégation em 1928 e refazia, então, sua preparação. Ambos foram aprovados no exame, Sartre em primeiro lugar; Simone, em segundo, como a pessoa mais jovem e a nona mulher a obter o título, que permitia ensinar Filosofia nas escolas francesas.

A morte de Zaza, que Simone atribui a condições ligadas ao conservadorismo da família, o inconformismo com o tratamento diferenciado para homens e mulheres, os conflitos com as restrições impostas por sua própria família levam Simone a romper com os padrões de comportamento considerados aceitáveis para uma mulher na época. Ela se recusa a se casar, a permanecer na casa dos pais, a sacrificar sua liberdade por qualquer convenção.
 

A partir de 1931, Simone se tornou professora de Filosofia, primeiro em Marseille, depois em Rouen, e começou a escrever romances em seu tempo livre. Sua vida passou a ser dedicada à escrita, ao amor e à cumplicidade afetiva e intelectual com Sartre, à rede de amigos que eles começam a construir, ao prazer dos livros, das discussões filosóficas, da descoberta do mundo e das viagens. Sem grandes pretensões, Sartre começava a pensar sobre o mundo e a esboçar as primeiras teses do que depois iria embasar o Existencialismo. Tinha em Simone sua principal questionadora e colaboradora. Juntos, criavam uma doutrina filosófica.

Em 1943, a escritora Simone estava pronta para o mundo. Publicou então seu primeiro romance, A Convidada. Em 1944, O Sangue dos Outros. Além dos romances, ela se dedicava também aos ensaios filosóficos e, alguns anos mais tarde, às memórias. Simone é hoje considerada uma das mais importantes memorialistas do século 20. Em 1945, Sartre e Simone fundaram a revista Les Temps Modernes, que atualmente é publicada pelas Éditions Gallimard. Em 1947, ela foi convidada para uma série de conferências nos Estados Unidos, e lá conheceu o escritor Nelson Algren, com quem viveu um romance à distância, marcado por muitas cartas e muitas viagens.


Em 1949, após longa pesquisa, ela publicou: O Segundo Sexo, primeiro grande e detalhado ensaio sobre a condição da mulher. Apesar de Simone não ser feminista à época, o livro se tornou o mais importante trabalho de reflexão filosófica e sociológica sobre a mulher e ajudou a traçar os caminhos do feminismo a partir de então. O livro é uma análise sobre a hierarquia dos sexos e a opressão da mulher em termos biológicos, históricos, sociais e políticos.


         Para a sociedade da década de 1950, o livro foi um escândalo. As reações contra a obra foram violentas. Direita e esquerda passaram a ter algo em comum: reprovavam veementemente as ideias de Simone de Beauvoir, sobretudo aquelas expostas no capítulo sobre a maternidade, em que ela falava sobre o direito ao aborto. A Igreja Católica incluiu o livro no Index, a lista de obras proibidas. Com a repercussão do livro, a permanêcia de Simone em Paris se tornou insustentável e ela partiu em viagem com Algren pela Europa e norte da África.




Entre os anos 1950 e 1960, a ação política de Sartre colocou o casal em evidência no mundo. Eles viajaram à então União Soviética, à China, à Suécia, ao Brasil. Ambos eram definitivamente reconhecidos por unir sua força intelectual ao engajamento político. Em 1954, Simone publica Os Mandarins, por muitos considerado seu melhor romance. O livro lhe rendeu o Prêmio Goncourt daquele ano. Todas as atenções se voltavam, então, para a vida intelectual, mas também sexual e amorosa de Simone. Depois de Os Mandarins, Simone começou a trabalhar em seus livros de memórias: Memórias de uma Moça Bem-Comportada (1958), A Força da Idade (1960) e A Força das Coisas (1963). Publicou também vários ensaios, relatos de viagens, a obra em que fala sobre a morte de sua mãe, Uma Morte Muito Suave (1964), e a novela A Mulher Desiludida (1967).

Nos anos 1970, Simone de Beauvoir publicou o quarto volume de suas memórias, Balanço Final (1972) e passou a apoiar oficialmente as ações do movimento feminista. Em 1974, criou a Ligue du Droit des Femmes. Ao final da década, Sartre estava seriamente debilitado, sua saúde frágil não permitiu que ele se recuperasse de uma pneumonia. Ele faleceu em 15 de abril de 1980. Pouco mais de um ano depois, em maio de 1981, morreu Nelson Algren. Simone enfrentou as perdas com lucidez e refletiu sobre a morte em seus últimos escritos. A Cerimônia do Adeus (1981) foi o último livro publicado em vida pela escritora, filósofa e memorialista. Sua saúde começou, então, a se debilitar.


Simone morreu em 14 de abril de 1986, um dia antes do aniversário da morte de Sartre, tendo realizado seus dois sonhos de infância: o de se tornar escritora e o de ser uma mulher independente. Mas também sem realizar um de seus maiores desejos desde que conheceu Sartre: o de que seu companheiro de toda a vida não morresse antes dela.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O MST no Brasil

Resultado de imagem para mst o que éO Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária brasileira. Como se sabe, no Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade do acesso a terra, consequência direta de uma organização social patrimonialista e patriarcalista ao longo de séculos, predominando o grande latifúndio como sinônimo de poder. Desta forma, dada a concentração fundiária, as camadas menos favorecidas como escravos, ex-escravos ou homens livres de classes menos abastadas teriam maiores dificuldades à posse da terra.

Assim, do Brasil colonial da monocultura a este do agronegócio em pleno século XXI, o que prevalece é a concentração fundiária, o que traz à tona a necessidade da discussão e da luta política como a encabeçada pelo MST.

Conforme Bernardo M. Fernandes em seu livro A formação do MST no Brasil (2000), o MST nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu instrumento de luta contra a concentração fundiária e o próprio Estado. Segundo este autor, pelo fato da não realização da reforma agrária, por meio das ocupações, os sem–terra intensificam a luta, impondo ao governo a realização de uma política de assentamentos rurais.

A organização do MST enquanto movimento social começou nos anos 80 do século passado e hoje já se faz presente em 24 estados da federação, fato que ilustra sua representatividade em termos nacionais. A fundação deste movimento se deu em um contexto político no qual o duro regime militar que se iniciava na década de 60 do século passado chegava ao fim, permitindo à sociedade civil brasileira uma abertura política para reivindicações e debates. Neste contexto de redemocratização do país, em 1985 surgiu a proposta para a elaboração do primeiro PNRA (Plano Nacional da Reforma Agrária). Sua segunda versão (II PNRA) foi proposta apenas em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Resultado de imagem para mst o que éOs objetivos do MST, para além da reforma agrária, estão no bojo das discussões sobre as transformações sociais importantes ao Brasil, principalmente àquelas no tocante à inclusão social. Se por um lado existiram avanços e conquistas nesta luta, ainda há muito por se fazer em relação à reforma agrária no Brasil, seja em termos de desapropriação e assentamento, seja em relação à qualidade da infraestrutura disponível às famílias já assentadas. Segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o número de famílias assentadas nestes últimos anos foi de 614.093, sendo criados neste mesmo período 551 assentamentos. Ainda conforme o INCRA, no total, o Brasil conta com 85,8 milhões de hectares incorporados à reforma agrária e um total de 8.763 assentamentos atendidos, onde vivem 924.263 famílias.
Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até 2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e 22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas 1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do trabalhador do campo.
 
Se por um lado a luta pela terra além de ser louvável é legítima, por outro, os meios praticados pelo movimento para promover suas invasões em alguns determinados casos geram muita polêmica na opinião pública. Em determinados episódios que repercutiram nacionalmente, o movimento foi acusado de ter pautado pela violência, além de ter permeando suas ações pela esfera da ilegalidade, tanto ao invadir propriedades que, segundo o Estado, eram produtivas, como ao ter alguns de seus militantes envolvidos em depredações, incêndios, roubos e violência contra colonos dessas fazendas.

Resultado de imagem para mst o que éContudo, vale ressaltar que em muitos casos a violência e a ação truculenta do Estado ao lidar como uma questão social tão importante como esta também se fazem presentes. Basta lembrarmos o episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, em 1996, quando militantes foram mortos em confronto com a polícia. A data em que ocorreu este fato histórico, 17 de Abril, tornou-se a data do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Se a polêmica da violência (seja por parte do movimento, seja do Estado) não bastasse, outras vêm à tona, como a da regularização fundiária pelo país, a qual pode atender a interesses de latifundiários e famílias ligadas ao agronegócio. Dessa forma, a despeito das críticas que recebe (não apenas por seus atos polêmicos em si, mas algumas vezes por desconhecimento da opinião pública influenciada por uma mídia que pode ser tendenciosa), o MST trata-se de um instrumento importante na transformação de uma realidade rural no país: a concentração fundiária.

A reforma agrária está entre tantas outras reformas que a sociedade brasileira tanto almeja para uma agenda de erradicação da miséria e da desigualdade, valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do trabalhador do campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto brasileiro.


A sua origem encontra-se nas lutas isoladas pela terra no sul do Brasil, destacando-se as ocupações das Fazendas Macalli e Brilhante, em 1979, no Rio Grande do Sul; da Fazenda Burro-Branco, em Santa Catarina e da Fazenda Primavera, em Andradina, São Paulo, ambas em 1980. Também no Rio Grande do Sul, em 1981, 700 famílias acamparam em Encruzilhada Natalina, município de Ronda Alta.

De 21 a 24 de janeiro de 1984, realizou-se o primeiro Encontro Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que contou com a participação de representantes de doze estados. Constitui-se definitivamente como um movimento nacional a partir do 1º Congresso Nacional, realizado em Curitiba, Paraná (29 a 31 de janeiro de 1985), quando 23 estados brasileiros estiveram representados através de 1.500 delegados.


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As ocupações, definidas como a forma mais eficiente de se alcançar a reforma agrária, foi uma decisão política adotada nesse Congresso. E, como palavras de ordem, surgiram: Reforma Agrária na Lei ou na Marra eSem Reforma Agrária não há Democracia.

Os estados nordestinos começaram a se integrar ao movimento em 1986. A primeira ocupação na região ocorreu em 1987, na Fazenda Projeto 4045, em Alcobaça, na Bahia.

A bandeira e o hino do MST foram aprovados, respectivamente, no Terceiro Encontro Nacional, em 1987, e no II Congresso, realizado em Brasília, em 1990.

Como seus objetivos gerais, o MST ressalta:
  • A construção de uma sociedade sem exploração e sem explorados, com supremacia do trabalho sobre o capital;
  • A luta para que a terra esteja a serviço de toda a sociedade;
  • A garantia de trabalho para todos e a justa distribuição da terra, renda e riquezas;
  •  A busca permanente da justiça social e da igualdade de direitos econômicos, políticos, sociais e culturais;
  • A difusão de valores humanistas e socialistas nas relações sociais;
  • O combate a todas as formas de discriminação social e a busca da participação igualitária da mulher.
Em Pernambuco, o movimento surgiu em 1989. No dia 25 de julho, cerca de 400 famílias ocuparam o Engenho do Complexo de Suape, no Cabo. Havia uma expectativa de que o Governo de Miguel Arraes pudesse apoiar a iniciativa das ocupações de terras e a retomada da luta pela reforma agrária no Estado. Entretanto, três dias após, a área foi desocupada por ordem judicial, tendo as famílias despejadas ocupado a praça em frente ao Palácio do Governo. Retiradas do local, no mesmo dia, voltaram para o Cabo, montando um acampamento provisório na beira da BR 101.

Apesar das dificuldades, o MST passou a contar com o apoio de estudantes e membros da igreja. Nos anos de 1991 e 1992, o movimento se volta para a Zona da Mata, sendo invadidos engenhos em Gameleira, Água Preta, Bonito, Itaquitinga e Timbaúba.

A história do MST em Pernambuco é marcada por dois acontecimentos de janeiro de 1992: a eleição da primeira coordenação estadual do movimento e a ocupação da Fazenda Pedra Vermelha, em Arcoverde, que, mesmo com o despejo das 250 famílias participantes, garantiu força política e recursos humanos para a grande ocupação da Zona da Mata Sul, em 27 de abril, com mais de 400 famílias, no Engenho Camaçari, no município de Rio Formoso.

Os anos de 1993 e 1994 assinalaram as primeiras ocupações da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra e os questionamentos do MST em relação à cultura da cana e a proposição de substituição desta produção pela reforma agrária e diversificação da produção agrícola. A partir de 1995, ocorre a expansão do movimento, com ocupações em Gravatá, Barra de Guabiraba, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Rio Formoso, entre outros.
 
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A luta pela reforma agrária é massificada no Vale do São Francisco e, em 1996, iniciam-se as marchas, como a realizada de Gravatá ao Recife, que culminou com uma greve de fome que durou dez dias.

A organização das regionais e o fortalecimento de setores do MST começam em 1997, com ampliação da capacidade de massificação das lutas pela terra, com  ocupações, marchas e pressão nos órgãos públicos.
   
O Movimento dos Sem Terra pode ser apontado como responsável pelo ressurgimento da questão da reforma agrária na consciência nacional, e tem demonstrado ser também um movimento político e ideológico. Para obter maior visibilidade perante a opinião pública e aumentar o seu poder de pressão junto aos poder público, passou a invadir bancos e empresas privadas, além das invasões de terras, participando de saques a supermercados e de seqüestros de caminhões que transportam gêneros alimentícios. Os seus líderes proclamam: o objetivo do MST é mudar o modelo da sociedade.

Atualmente, um certo descrédito parece alcançar até mesmo integrantes do movimento. Lavradores do assentamento Baixio do Boi, em Pernambuco, e mais dois outros assentamentos do Estado, romperam com a entidade no final de 2004.  Eles reclamam que os recursos do governo federal enviados ao MST, via cooperativas ligadas a ele, uma vez que o movimento não tem personalidade jurídica, não estariam sendo repassados para os fins a que se destinam. O dinheiro não estaria financiando, entre outras coisas, cursos para alfabetização, capacitação técnica dos assentados e melhorias na infra-estrutura dos assentamentos, como formas de viabilizar a reforma agrária. O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco detectou desvio de dinheiro público em, pelo menos, cinco assentamos do MST.

A partir dos anos 90, quando entidades religiosas da Europa, maiores doadores do MST, voltaram-se para apoiar projetos assistenciais no Leste Europeu, o movimento vem passando por dificuldades financeiras. Além deste aspecto, houve o esgotamento de uma causa que cresceu baseada na luta contra os latifúndios improdutivos, hoje praticamente inexistentes, acarretando um esvaziamento de suas fileiras. O MST começou, então, a recrutar “militantes” até nos centros urbanos, como ocorreu no acampamento do Pontal de Paranapanema, em São Paulo. Pessoas, muitas vezes, sem qualquer afinidade com a terra.

Tais fatos fizeram com que o MST passasse a depender, primordialmente, de verbas do Estado. Paradoxalmente, cresceu o número de invasões nos últimos meses. No lado oposto, os fazendeiros formam grupos armados com o objetivo de impedir a ação dos sem-terra. A questão parece tomar o rumo da radicalização, afastando perspectivas de uma vida mais justa para a população rural.  


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Revolução comunista na Rússia: outubro vermelho

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Resultado de imagem para outubro vermelho russiaHá 90 nos, estourava na Rússia a primeira revolução comunista vitoriosa da história. Operários, camponesese soldados pegavam em armas para aniquilar a burguesia. E viravam protagonistas do acontecimento mais importante do século 20

Era 24 de outubro de 1917. Quase desmaiando de cansaço, dois homens relaxavam um pouco, deitados no chão de uma sala escura em um edifício de Petrogrado, atual São Petersburgo. O mais novo, um judeu ucraniano de 38 anos, cultivava uma farta cabeleira desgrenhada e usava óculos redondos. Seu companheiro, então com 47 anos, quase já não tinha cabelos, apesar da pouca idade. E chamava a atenção por seus olhos amendoados, uma herança da família de origem tártara. Do lado de fora daquele prédio, no outono frio e nublado da Rússia, ressoavam marchas e palavras de ordem. Olhando para o teto, o mais velho traçou com a ponta do dedo indicador um círculo sobre a cabeça e disse: “Tudo gira”.

O jovem senhor de olhos estreitos era Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lenin, apelido adotado no submundo revolucionário. Quem estava a seu lado era o camarada Lev Bronstein, que também havia cunhado um codinome famoso: Trotski. Os dois tinham boas razões para estar exaustos. Nos dez dias anteriores, eles haviam organizado, articulado e desencadeado um dos eventos mais importantes da história mundial. Enquanto descansavam naquele quartinho do Instituto Smólni – antiga escola para moças da nobreza, agora sede do Partido Comunista –, seus correligionários e aliados tomavam o poder nas ruas de Petrogrado e em outras cidades-chave do país. Era o “Outubro Vermelho”. A Revolução Russa, que havia começado alguns meses antes, chegava ao clímax. Estava nascendo o primeiro Estado socialista do mundo.

Todo poder aos sovietes

Lenin sabia usar as palavras como ninguém. E tinha a exata noção do que dizia ao afirmar que, naquele momento, tudo estava girando. “Revolução” vem do latim “revolvere”, ou “girar”, um termo que, na Antiguidade, designava o movimento dos planetas no espaço sideral. Em 1688, ganhou sentido político pela primeira vez, quando os ingleses batizaram de Revolução Gloriosa seu levante contra a monarquia absolutista. No século seguinte, ocorreriam mais dois grandes e violentos “giros” – as Revoluções Americana e Francesa, que criaram novos sistemas de governo e colocaram o mundo na órbita da modernidade.

Quando a Revolução Russa começou, em fevereiro de 1917, ela se parecia bastante com as anteriores. Em princípio, a maioria dos revolucionários queria apenas derrubar a dinastia Romanov, que governava o Império Russo com mão de ferro desde o século 17. Numa época em que as nações européias se modernizavam a todo vapor, a Rússia czarista era uma relíquia monstruosa da Idade Média: um gigante com cerca de 140 milhões de habitantes, sem parlamentos, sem partidos de oposição, sem liberdade de imprensa. Camponeses e trabalhadores urbanos viviam à míngua. Quem reclamava costumava amargar um longo e penoso exílio nas planícies geladas da Sibéria. O resultado dessa trágica equação social e política não poderia ser outro: o regime caiu de maduro, em meio aos tumultos da Primeira Guerra Mundial.

Após a queda do czar Nicolau II, a primeira opção dos russos foi por um esboço de democracia. Um governo provisório, formado por liberais e socialistas moderados, tentou colocar ordem na casa convocando eleições. Àquela altura, no entanto, os marxistas bolcheviques liderados por Lenin já haviam conquistado enorme influência perante os chamados sovietes, conselhos populares formados por operários, camponeses e soldados. Legítimos representantes das classes sociais mais oprimidas, nos sovietes residia o poder de fato. Eles derrubariam o recém-instaurado governo liberal no segundo round da revolução, em outubro de 1917. O povo, guiado por uma vanguarda revolucionária, assumiria o controle do Estado. “Todo poder aos sovietes”, conclamava Lenin. Para muitos historiadores, o triunfo comunista no episódio que agora completa 90 anos foi o acontecimento mais importante do século 20.

Pesadelo totálitário

Naqueles vertiginosos dias de outubro, a Revolução Russa seguiu um caminho inédito e extraordinário. Lenin, Trotski e seus adeptos sonhavam com algo muito mais grandioso do que qualquer outra revolução já realizara. Queriam inverter a pirâmide social, abolir a propriedade privada e colocar todo o poder nas mãos dos trabalhadores. “Eles almejavam um processo de transformação completa, não só de toda ordem política e socioeconômica preestabelecida, mas da própria existência humana”, afirma o historiador americano Richard Pipes em História Concisa da Revolução Russa. “Em outras palavras, queriam virar o mundo”. Eram ambições épicas, que refletiam uma confiança quase religiosa na razão e no progresso da humanidade. Como escreveu Edmund Wilson no clássico Rumo à Estação Finlândia: os revolucionários acreditavam que o evangelho marxista podia ordenar o presente e determinar a “história do futuro”.

Mas o século 20, que para os bolcheviques marcaria o início de uma idade dourada, acabou sendo o mais violento de todos os tempos. E a utopia socialista, alguns anos depois da Revolução Russa, iria se converter em pesadelo totalitário, tragicamente semelhante à monarquia absoluta que ela havia derrubado. Dos czares, o regime soviético acabou herdando a ânsia imperialista. Que o digam os habitantes muçulmanos da atual Chechênia, vítimas de uma tripla ironia histórica: conquistados pelos exércitos dos czares, foram oprimidos e deportados pelas falanges soviéticas e até hoje sofrem o jugo da Rússia de Vladimir Putin.

Para Osvaldo Coggiolo, especialista em História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), o “fracasso” da Revolução Russa não deve obscurecer a pureza de suas intenções. “O objetivo dos revolucionários era levar os operários ao poder, mas as circunstâncias históricas não permitiram”, diz o historiador. “Sempre à beira da destruição, o Estado socialista fez o que pôde para sobreviver a conflitos internos e a duas guerras mundiais. E, apesar de todos os obstáculos, a URSS transformou-se em uma potência capaz de competir com os EUA durante a Guerra Fria.” Outros estudiosos, no entanto, acreditam que o levante comunista de 1917 estava condenado desde seu início. Calcada na ditadura de partido único, essa busca pela utopia só poderia conduzir a seu oposto. “A maioria dos que empreenderam a revolução tinha mesmo ideais nobres, mas irrealizáveis”, escreve o historiador britânico Orlando Figes em A Tragédia de um Povo. Seja como for, em uma coisa os herdeiros e discípulos de Lenin tiveram sucesso: como você descobrirá nas próximas páginas, eles realmente fizeram o mundo girar.

A foice e o martelo

A luta proletária e camponesa contra a burguesia não foi travada apenas com baionetas, mas também com imagens. Assim que o czar Nicolau II foi deposto, a insígnia do czarismo – uma águia de duas cabeças – rapidamente desapareceu de repartições públicas e documentos oficiais. Em seu lugar apareceram, inicialmente, um martelo e um arado, que já eram usados nos uniformes das tropas bolcheviques e representavam a união de operários e camponeses em sua marcha revolucionária.

Em 1922, com a revolução já consolidada, o Partido Comunista decidiu trocar o arado por um símbolo mais agressivo – uma foice. Assim nasceu a bandeira do primeiro Estado socialista do mundo: foice e martelo sobrepostos em um campo vermelho, cor tradicional da luta operária desde o século 19. O brasão soviético, usado em selos e ministérios, foi ainda mais eloqüente quanto às pretensões globais da revolução: mostrava a foice e o martelo flutuando sobre o globo terrestre. Embaixo, o lema cunhado por Karl Marx e Friedrich Engels, pais do comunismo, nas 17 línguas faladas na ex-URSS: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”.

Um tiro pela culatra

Certa vez, em meados do século 19, um grupo de discípulos perguntou a Karl Marx o que ele achava de uma possível revolução socialista na Rússia. “Duvido muito”, respondeu o autor de O Capital. Marx acreditava que a classe operária, surgida com a Revolução Industrial, iria se levantar em todo o mundo para destruir o capitalismo. E que esse movimento começaria pelos países mais industrializados da época, como Inglaterra e Alemanha. Os comunistas ingleses e franceses jamais tiraram a revolução do papel. Na Alemanha, contudo, a história foi diferente.

Em novembro de 1918, um ano depois do “Outubro Vermelho”, soldados e operários alemães rebelaram-se contra o governo do imperador Guilherme II. Como na Rússia, o estopim da revolta foi a catástrofe da Primeira Guerra Mundial. Greves e motins incendiaram o país. Resultado: o kaiser foi obrigado a renunciar, e a Alemanha saiu oficialmente da guerra. O Partido Comunista, percebendo o momento de fragilidade do regime, tentou tomar o poder em janeiro de 1919. Mas uma aliança entre a classe média, o Exército e os remanescentes da monarquia sufocou o movimento. A revolução frustrada acabou no assassinato brutal da judia polonesa Rosa Luxemburgo, líder dos comunistas alemães. E o medo de outro levante socialista começou a empurrar o país para a extrema direita. Resultado: em 1920, surgiu na Alemanha o partido nazista – que 13 anos mais tarde conduziria Adolf Hitler ao poder.

domingo, 7 de junho de 2015

A trajetória política de Adolf Hitler

Resultado de imagem para hitlerNascido em 1889, na cidade austríaca de Braunau, Alta Áustria, Adolf Hitler era filho de Alois Hitler, funcionário aduaneiro. Sua mãe, Klara Hitler era prima de seu pai e foi até a casa de Alois para cuidar da sua mulher que já se apresentava adoentada e prestes a morrer. Depois de enviuvar-se, Louis decidiu casar-se com Klara. Para isso, teve que pedir permissão à Igreja Católica, que só liberou o casamento depois da gravidez de Klara.

Resultado de imagem para hitler Do matrimônio de Louis e Klara nasceram dois filhos: Adolf e Paula. Durante os primeiros anos de sua juventude, Adolf era conhecido como um rapaz inteligente e mal-humorado. Na adolescência, foi duas vezes reprovado no exame de admissão da Escola de Linz. Nesse mesmo período começou a formular suas primeiras ideias de caráter antissemita, sendo fortemente influenciado pelo professor chamado Leopold Poetsch.
A relação de Hitler com seus pais era bastante ambígua. À mãe, dedicava extremo carinho e dedicação. Com o pai tinha uma relação conflituosa, marcada principalmente pela oposição que Louis fazia ao interesse de Adolf pelas artes e pela arquitetura. Frustrado com o seu insucesso na sequência de seus estudos, Hitler mudou-se para Viena, aos 21 anos, vivendo de pequenos expedientes. Vivendo em condições precárias, mudou-se para Munique quando tinha 25 anos de idade.
Com a explosão da Primeira Guerra Mundial, decidiu se alistar voluntariamente no Exército Alemão, incorporando o 16º Regimento de Infantaria Bávaro. Lutando bravamente nos campos de batalha, conquistou condecorações por bravura durante sua atuação militar e recomendações de um superior de origem judaica. Depois de se recuperar de uma cegueira temporária, voltou para Munique trabalhando no departamento de imprensa e propaganda do Quarto Comando das Forças Armadas.

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Em 1919, depois de presenciar a derrota militar alemã, filiou-se a um pequeno grupo político chamado Partido Trabalhista Alemão. Em meio às mazelas que o povo alemão enfrentava, esse partido discutia soluções extremas mediante os problemas da Alemanha. Entre outros pontos, pregavam a extinção dos tratados da Primeira Guerra, a exclusão socioeconômica da população judaica, melhorias no campo econômico e a igualdade de direitos políticos.
Utilizando seus grandes dotes oratórios, Hitler começou a angariar a adesão de novos partidários e propôs a mudança do partido para o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. A renovação do nome acompanhou a criação de uma nova simbologia ao partido (uma bandeira vermelha com uma cruz gamada) e a incorporação de milícias comprometidas a defender o ideal do partido. As chamadas Seções de Assalto (SA) eram incumbidas de perturbar as reuniões de grupos marxistas, estrangeiros e comunistas.

Dois anos depois de integrar o partido, Hitler tornara-se chefe supremo do Partido Nazista (contração do termo alemão “Nationalsozialist”). Agrupado a um pequeno grupo de partidários, Hitler esboçou um golpe político que foi contido pelas autoridades alemãs. No ano de 1923, foi condenado a cinco anos de prisão, dos quais só cumpriu apenas oito meses. Nesse meio tempo, escreveu as primeiras linhas de sua obra (um misto de autobiografia e manifesto político) chamada “Mein Kampf” (Minha Luta).

Liberto, resolveu remodelar as diretrizes de seu partido incorporando diretrizes do fascismo, noções de disciplina rígida e a formação de grupos paramilitares. Adotando uma teoria de cunho racista, Hitler dizia que o povo alemão era descendente da raça ariana, destinada a empreender a construção de uma nação forte e próspera. Para isso deveriam vetar a diversidade étnica em seu território, que perderia suas forças produtivas para raças descomprometidas com os arianos.

No campo político, o partido de Hitler era contrário à definição de um regime político pluripartidário. A diferença ideológica dos partidos somente serviu para a desunião de uma nação que deveria estar engajada em ideais maiores. Dessa forma, as liberdades democráticas eram vetadas em favor de um único partido liderado por uma única autoridade (no caso, Hitler), que estaria comprometido com a constituição de uma nação soberana. Entre outras coisas, Hitler defendia a construção de um “espaço vital” necessário para a nação ariana cumprir seu destino.

O ideário nazista, prometendo prosperidade e o fim da miséria do povo alemão, alcançou grande popularidade com a crise de 1929. Os nazistas organizavam grandes manifestações públicas onde o ataque aos judeus, marxista, comunistas e democratas eram sistematicamente criticados. Prometendo trabalho e o fim das imposições do Tratado de Versalhes, os nazistas pareciam prometer ao povo alemão tudo que ele mais precisava. Em pouco tempo, grupos empresariais financiaram o Partido Nazista.

Resultado de imagem para hitler                             No início da década de 1930, o partido tinha alcançado uma vitória expressiva que se manifestou na presença predominante de deputados nazistas, ocupando as cadeiras do Poder Legislativo alemão. No ano de 1932, Hitler perdeu as eleições presidenciais para o marechal Hindenburg. No ano seguinte, não suportando as pressões da crise econômica alemã, o presidente convocou Hilter para ocupar a cadeira de chanceler. Em pouco tempo, Hitler conseguiu empreender sucessivos golpes políticos que lhe deram o controle absoluto da Alemanha.
Depois de aniquilar dissidentes no interior do partido, na chamada Noite dos Longos Punhais, Hitler começou a colocar em prática o conjunto de medidas defendidas por ele e o partido nazista. Organizando várias intervenções na economia, com os chamados Planos Quadrienais, Hitler conseguiu ampliar as frentes de trabalho e reaquecer a indústria alemã. A rápida ascensão econômica veio seguida pela ampliação das matérias primas e dos mercados consumidores. Foi nesse momento que a teoria do Espaço Vital fora colocada em prática.

Hitler, tornando-se um grande líder carismático e ardoroso estrategista, impôs à Europa as necessidades do Estado nazista. Depois de exigir o domínio da região dos Sudetos e assinar acordos de não agressão com os russos, o governo nazista tinha condições plenas de por em prática seu grande projeto expansionista. Com o início da Segunda Guerra, Hitler obteve grandes vitórias que pareciam lhe garantir o controle de um amplo território, suas profecias pareciam se cumprir.

Somente após a invasão à Rússia e a entrada dos EUA no conflito, a dominação das forças nazistas pôde ser revertida. A vitória dos Aliados entre 1943 e 1944 colocou Hitler em uma situação extremamente penosa. Resistindo à derrota, Hitler resolveu se refugiar em seu bunker, em Berlim. Himmler, um dos generais da alta cúpula nazista, tentou assinar um termo de rendição sem o consentimento de Adolf Hitler. O acordo foi rejeitado pelos Aliados, que continuaram a atacar as tropas alemãs.

Indignado, Hilter resolveu substituir Himmler pelo comandante Hermann Gering, que logo pediu para assumir o governo alemão. Irritado com seus comandados, em um último ato, Hilter nomeou Karl Doenitz como presidente da Alemanha e Joseph Goebbeles, chanceler. Em 30 de abril de 1945, sem oferecer nenhum tipo de resistência militar, Goebbeles, Hitler e sua esposa, Eva Braun, suicidaram-se.