PROFESSORA ANDRÉA

sábado, 12 de março de 2016

As semelhanças entre a Operação Bandeirantes e a Lava Jato. Por Carlos Fernandes

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No artigo em que o jornalista Jânio de Freitas fez provavelmente a mais óbvia, racional e lógica analogia da operação Lava Jato comparando-a com a vergonhosa Operação Bandeirantes lançada oficialmente em 1969 pelos militares, até os personagens se encaixam como uma luva.

O festival de ilegalidades processuais realizadas pela OBAN – se é que havia algo digno de ser chamado de processo nas sessões de torturas – sobretudo quando sob ordens do seu mais famoso comandante, o carrasco Carlos Alberto Brilhante Ustra, não difere muito dos métodos utilizados atualmente pelo juiz Sérgio Moro.

As motivações e os interesses envolvidos continuam exatamente os mesmos: a perseguição e prisão dos militantes de esquerda em prol da viabilização de um projeto de poder classista idealizado pela extrema direita e sustentado pelas grandes empresas de comunicação do Brasil.

Neste item em particular, basta constatar que, além de grandes multinacionais, um dos financiadores privados da Operação Bandeirantes nas suas incursões ilegais e antidemocráticas era ninguém menos do que a própria Folha de S.Paulo.

O sequestro do ex-presidente Lula e sua prisão forçada durante horas no aeroporto de Congonhas na capital paulista, expôs o velho “modus operandi” da OBAN em plena democracia de 2016.

As informações dos abusos realizados no Instituto Lula na forma de vandalismos, arrombamentos, invasão de e-mails não amparados no mandado de busca e apreensão e trocas ilegais de senhas só não são mais arbitrárias do que a escuta telefônica encontrada no apartamento de Lula após a saída dos policiais federais.

Nesse ponto chegamos a mais um personagem central da “Operação Bandeirantes” de Moro. Não é a primeira vez que escutas ilegais são encontradas ao arrepio da lei desde que o tribunal de exceção de Curitiba vem pautando a agenda política e econômica deste país.

O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, que durante toda a campanha presidencial de 2014 nos deu provas mais do que suficientes da parcialidade procedimental e aparelhamemto político e ideológico da PF, é exatamente o mesmo que foi nominalmente denunciado na investigação que apurava a escuta clandestina encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef em 2015.

Segunda a apuração independente realizada pelo delegado Dalmey Fernando Werlang, os responsáveis pela operação Lava Jato “haviam utilizado provas ilícitas”, notadamente a partir do grampo instalado na cela de Youssef.

Já o delegado Mário Fanton enviado à capital paranaense para realizar uma sindicância sobre o grampo, denunciou pressão dos colegas para “abafar o caso”. No seu relatório, Fanton denunciou explicitamente o nosso ilustre Igor Romário de Paula.

Esses abusos foram reportados diretamente à CPI da Petrobrás e ao próprio ministério da Justiça. Como de praxe, tanto a CPI quanto o então ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, absolutamente nada fizeram. O caso da escuta clandestina na cela de Youssef até hoje não foi esclarecido, as provas obtidas ilegalmente continuam válidas e ninguém foi punido.

Sendo assim, livre de qualquer pressão do ministério da justiça, da Direção Geral da PF e do juiz Sérgio Moro, imagino qual não foi a satisfação pessoal do delegado Igor Romário de Paula, que não enxergava problema algum em exaltar Aécio e criticar Dilma e o PT vazando inclusive informações sigilosas nas redes sociais, ao anunciar que Lula estava prestando depoimento.

Tudo isso já seria material abundante para recriar os horrores vividos na época da ditadura militar, mas em se tratando de aberrações jurídicas e violações dos direitos civis, o nosso sistema judiciário é de uma fertilidade ilimitada.

Eis que “correndo por fora” surge o mais novo capataz da oligarquia político-empresarial-midiática brasileira. O promotor Cássio Conserino deve entrar para a história como o autor do mais ridículo pedido de prisão preventiva expedida por um membro do Ministério Público. E olha que existem muitos.

O juiz Sérgio Moro, os procuradores federais Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, o delegado Igor Romário de Paula e o procurador do MP-SP Cássio Conserino são personagens caricatos da outrora Operação Bandeirantes.

Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos mais cruéis torturadores que esse país já conheceu, se nesse momento pudesse vislumbrar o que estão fazendo, ficaria, com certeza, orgulhoso da continuidade de sua “obra”.

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