PROFESSORA ANDRÉA

sábado, 12 de março de 2016

Depois que a turba insana passa, resta a vergonha para a ignorância e para os ignorantes


Ameaças, discurso de ódio, palavrões e xingamentos não ​são sinônimos de coragem ou inteligência.

As redes sociais ​deram voz e munição para muita coisa boa, assim como para a ignorância e os ignorantes. O sujeito se acha no direito de escrever sandices. Aquilo que se ​camuflava na vida privada, ganha força no espaço público​ virtual​, pela comodidade de estar em sua casa, protegido pela tela do computador ou ​do​ celular, ​a salvo do enfrentamento cara-a-cara. O fato fica mais grave ​porque as redes sociais proporcionam o encontro destes intolerantes com seus pares. E assim a selvageria se multiplica.

Essa polarização política no país está servindo para algumas coisas, uma delas é descobrirmos quem é quem. O machista, o fascista, o racista, o homofóbico, etc., ganham até cadeiras no parlamento. Mas não se enganem: estes não são a maioria.

A história já nos deu exemplos de que quando a violência e ​a crueldade se institucionalizam, ​a tentativa de​ desumanizar a humanidade se eleva a uma condição irracional, acontece que a essência humana, mesmo sendo produto da história, não se destrói… ​e vem mostrando que nos mais tenebrosos tempos tem a capacidade de sobreviver e de dar a volta por cima.

Depois que a turba insana passa, resta a vergonha para a ignorância e para os ignorantes.

Se você já foi pego proferindo ilações, xingamentos ou com a vontade de exterminar um grupo ou indivíduo, pare um pouco, respire fundo e pergunte o porquê.

Não pensem que o nazismo, por exemplo, fez o que fez de maneira espontânea. Ao contrário, foi uma propaganda bem articulada, que escolheu como inimigo um povo e algumas ideologias. O método foi tão eficiente que chegou ao ponto de levar uma nação a acreditar e naturalizar a violência. Globo e as demais emissoras, com suas afiliadas, não são diferentes.
E você? Já se perguntou alguma vez o que e quem está por trás das manifestações golpistas? Quais os interesses? Por que atacar só o PT? Por que atacar só as lideranças que lutam pela igualdade e liberdade?

A resposta recorrente para muitos é a corrupção, uma resposta que acompanha a narrativa dos meios de comunicação que há anos na história do Brasil vêm fazendo alguns estragos.
No Brasil, nossa velha elite e a mídia tradicional só enxergam a corrupção onde interessa. Às vezes enxergam até onde não tem.

Diga-se de passagem, a República brasileira foi alicerçada sobre os pilares de corrupção por essa mesma elite vergonhosa.

Somente em governos populares e em períodos democráticos é que se enfrenta essa assimetria.

Acontece que combater a corrupção é combater justamente a elite que não existe sem esse componente. Por estarem ameaçados, constantemente tratam de travar o combate e buscam transformar aquele que combate a corrupção em corrupto e o corrupto em santo.

Aécio, FHC, Cunha, Alckmin, Globo, RBS e tantos outros, todos envolvidos em corrupção, e nem por isso são matéria de jornal, capa de revistas e muito menos têm a presença constante nos noticiários televisivos. Até porque muitos são os donos da mídia.

Essa turma e seus antecessores, sejam eles próximos por parentesco, por sociedades ou por ideologia, nunca aceitaram ninguém além deles mesmos para governar o país.

A missão destes sempre foi se beneficiar do Estado, enriquecer ilicitamente e fazer do Brasil um quintal especulativo para os grandes capitais internacionais. Transformaram-nos por muito tempo numa das nações mais desiguais do mundo e agora querem voltar.

Se investigarmos a história, entenderemos que os mesmos levaram ao suicídio Getúlio Vargas e fizeram um golpe civil-militar depondo Jango e levando o país a uma prolongada ditadura.

Registros históricos denunciam tais artimanhas da direita reacionária brasileira. A carta testamento de Getúlio Vargas e o discurso memorável de João Goulart no comício de data “coincidente” – 13 de março de 1964 – na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, dão provas disso:

“…Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes…” Getúlio Vargas

Getulio

“…Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente, na presença das mais significativas organizações operárias e lideranças populares deste país. Chegou-se a proclamar, até, que esta concentração seria um ato atentatório ao regime democrático, como se no Brasil a reação ainda fosse a dona da democracia, e a proprietária das praças e das ruas. Desgraçada a democracia se tiver que ser defendida por tais democratas.
Democracia para esses democratas não é o regime da liberdade de reunião para o povo: o que eles querem é uma democracia de povo emudecido, amordaçado nos seus anseios e sufocado nas suas reivindicações.

A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam.

A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobras; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares e que levou Getúlio Vargas ao supremo sacrifício….” João Goulart

jango

O ódio insano nas redes sociais tem muitas explicações e a obviedade de uma delas é sem dúvida a manipulação midiática.

A diferença de outros momentos para este é que os indivíduos que defendem a cidadania, os direitos humanos e uma sociedade mais justa são milhares, chegamos ao governo e mostramos que é possível fazer para todos e não somente para uma meia dúzia. Agora é colocar o bloco na rua e defender conquistas, a democracia e barrar o golpe. Nossa arma será sempre a inteligência.

*Carlos Eduardo de Souza é formado em História pela UDESC e Especialista em Gestão Estratégica de Políticas Públicas pela UNICAMP.

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