PROFESSORA ANDRÉA

domingo, 27 de abril de 2014

Brasil Colônia



A tela A Elevação da Cruz, de Pedro Peres (1841-1923), representa a chegada dos portugueses e o início do Brasil Colônia

A formação do Brasil contemporâneo iniciou-se com a chegada dos portugueses em terras americanas em 1500. Tal afirmação acompanha estudos historiográficos que apontam a constituição da sociedade brasileira nos processos históricos verificados durante o chamado Brasil Colônia.

Nesse sentido, os textos presentes neste canal da disciplina História do Brasil apresentam ao leitor uma abordagem dos diversos aspectos históricos do período: os métodos de administração e exploração da colônia desenvolvidos pelos portugueses, as principais riquezas extraídas pela metrópole, as tentativas de outras potências europeias de colonizar as terras controladas pelos lusitanos etc.

Outro ponto importante a ser salientado é a formação social, analisando o papel da escravidão dos africanos e indígenas na formação da população e na fundamentação da economia, bem como os impactos resultantes das formas de resistência criadas contra a exploração a que estavam submetidos.

A expansão geográfica da colônia também é de suma importância para o conhecimento da formação atual do país. Fluxos populacionais de ocupação territorial, como a pecuária ao longo do rio São Francisco ou as bandeiras pelo sertão, levaram à expansão das fronteiras coloniais para além das dimensões estipuladas no Tratado de Tordesilhas, de 1494.

A formação histórica do país conheceu ainda inúmeras rebeliões e revoltas durante o Brasil Colônia, sejam elas realizadas por pessoas que haviam nascido no continente americano ou mesmo pelos africanos escravizados, lutando pela separação de partes da colônia ou contra as formas assumidas pelo processo de colonização.

A chegada da Família Real Portuguesa à colônia no início do século XIX foi também objeto de artigos, que demonstram a importância de tal evento para o processo de Independência do Brasil.

Documentário: Brasil Colônia

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rl4o5ohDyLc

sábado, 26 de abril de 2014

10 líderes que foram embalsamados

O embalsamamento é uma técnica que visa preservar cadáveres para que eles não entrem em putrefação. A prática é conhecida desde o Egito Antigo, nos famosos rituais de mumificação, e foi empregada em alguns líderes políticos e religiosos.
Vale ressaltar duas questões importantes. Em primeiro lugar, o corpo conservado de alguns destes líderes ainda segue em exposição, enquanto outros foram enterrados ou cremados. Sendo assim, esta lista apresenta líderes cujos corpos permaneceram em exposição pelo menos durante um tempo.
Em segundo lugar, a conservação do corpo de todos os líderes citados abaixo ocorreu através de técnicas específicas, com exceção do Papa João XXIII, que teve seu corpo preservado “naturalmente”. Na verdade, a conservação de João XXIII ainda permanece em discussão nos meios médicos.

1- Lênin

Corpo embalsamado de Lênin
Vladimir Ilitch Ulianov Lênin foi um chefe de estado da União Soviética, nasceu em 1870 e faleceu em 1924. Após sua morte – possivelmente por sífilis ou causada por uma bala alojada em seu crânio – seu corpo foi embalsamado e atualmente, assim como durante todo o período soviético, é exposto em seu mausoléu, na Praça Vermelha em Moscou.

2- Stálin

Foto do corpo de Stalin no caixão
Josef Vissarionovitch Stálin foi líder da União Soviética, nasceu em 1879 e faleceu em 1953. Após sua morte – possivelmente de hemorragia cerebral – seu corpo ficou exposto no mesmo salão que Lênin até o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), realizado as portas fechadas, em fevereiro de 1956. Naquele ano, o corpo foi enterrado.

3- Mao Tsé-Tung

Corpo embalsamado de Mao Tsé-Tung
Mao Tsé-Tung foi líder da República Popular da China, nasceu em 1893 e faleceu em 1976. Após sua morte – por esclerose lateral amiotrófica – seu corpo foi embalsamado, e foi construído um mausoléu para abrigá-lo pouco depois de sua morte. O corpo de Mao está em um caixão de cristal para exibição pública, sendo visitado todos os dias por centenas de pessoas.

4- Ho Chi Mihn

Corpo embalsamado de Ho Chi Min
Ho Chi Mihn foi um estadista vietnamita, nasceu em 1890 e faleceu em 1969. Após sua morte – por insuficiência cardíaca -, seu corpo foi embalsamado e atualmente encontra-se no salão central de seu mausoléu, em Hanoi. A União Soviética forneceu aos vietnamitas as tecnologias necessárias para o embalsamento e o caixão de cristal no qual o corpo de Ho está preservado.

5- Kim Il-Sung

Corpo embalsamado de Kim Il-Sung
Kim Il-Sung  foi um líder da Coréia do Norte, nasceu em 1912 e faleceu em 1994. Após sua morte – decorrente de uma parada cardíaca -, seu corpo foi embalsamado e está exposto no Palácio Memorial Kumsusan. Quatro anos depois de sua morte, seu filho Kim Jong-il, atribuiu-lhe o título de “presidente eterno”.

6- Kim Jong-Il

Corpo embalsamado de Kim Jong-Il
Kim Jong-Il, filho de Kim Il-Sung, foi um chefe de estado norte-coreano, nasceu em 1941 e faleceu em 2011. Jong-Il guardou muitas semelhanças em relação ao pai. Além de herdar a ideologia comunista e o poder do pai, morreu também de ataque cardíaco, assim como também teve seu corpo embalsamado.

7- Ferdinand Marcos

Corpo embalsamado de Ferdinand Marcos
Ferdinand Emmanuel Edralín Marcos foi chefe de estado das Filipinas, nasceu em 1917 e faleceu em 1989. Após sua morte – devido a lúpus eritematoso sistêmico, cardiopatia e insuficiência renal -, foi embalsamado e seu corpo está em exposição em um mausoléu da família em Batac.

8- Eva Perón

Corpo embalsamado de Eva Perón
María Eva Duarte de Perón foi uma líder política argentina, nasceu em 1919 e faleceu em 1952. Após sua morte – devido a um câncer no útero -, o corpo foi embalsamado e ficou exposto à visitação pública até o golpe de Estado que derrubou seu marido, Juan Domingo Perón, em 1955.

9- João XXIII

Corpo embalsamado de João XXIII
O Papa João XXIII nasceu em 1881 e faleceu em 1963. Após sua morte – decorrente de um câncer no estômago - o corpo, que não sofreu decomposição, foi transferido do subterrâneo para ser definitivamente exposto ao público no interior da Basílica de São Pedro, mais concretamente numa capela lateral próxima do altar de São Jerónimo.

10- Charles XII

Corpo embalsamado de Charles XII
Charles XII foi um rei da Suécia que nasceu em 1682 e faleceuem 1718. Quando o seu túmulo foi aberto, em 1917, suas feições estavam ainda reconhecíveis, quase duzentos anos após o seu falecimento. A imagem de seus restos mortais mostram claramente o buraco de bala em sua cabeça, motivo de sua morte.

terça-feira, 22 de abril de 2014

O Descobrimento do Brasil - Filme de Humberto Mauro (1936)

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=hKI4miH0lkI

DOCUMENTÁRIO: A História do Brasil - Boris Fausto

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Th6FjWlt0dc

Dia do Descobrimento do Brasil: 22 de abril

Pedro Álvares Cabral, D. Manuel I e Duarte Pacheco: personagens centrais no descobrimento do Brasil.
Pedro Álvares Cabral, D. Manuel I e Duarte Pacheco: personagens centrais no descobrimento do Brasil.
 
Ainda hoje, a data de 22 de abril é marcada oficialmente como o dia em que a Coroa Portuguesa anunciou o descobrimento das terras brasileiras. Durante muito tempo, esse evento de dimensões históricas foi interpretado como o resultado de uma aventura realizada por corajosos homens do mar que se lançaram ao desconhecido e encontraram uma nova terra. Contudo, apesar de empolgante, existem outras questões por trás dessa versão da história que marcou o ano de 1500.


Primeiros contatos entre portugueses e índiosMesmo antes de chegar ao Brasil, a Coroa Portuguesa estava inserida em uma acirrada disputa econômica onde os estados nacionais europeus disputavam a expansão de suas atividades mercantis. Dessa forma, cada avanço tecnológico, terra conquistada ou rota descoberta tornava-se um precioso “segredo de Estado”. Antes de sair anunciando uma conquista aos quatro ventos, os governantes daquela época avaliavam minuciosamente os interesses e circunstâncias que envolviam esse tipo de exposição.
Uma das primeiras pistas que nos indicam esse tipo de planejamento envolvendo o descobrimento do Brasil se deu quando Portugal exigiu a anulação da Bula Inter Coetera e a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Afinal de contas, por que os portugueses repentinamente chegaram à conclusão de que uma nova divisão das terras coloniais deveria ser realizada? De fato, essa é uma das muitas outras questões que fazem a versão romântica do descobrimento cair por terra.

 
Quando chegamos em 1500, o rei português Dom Manuel I autorizou que o navegante Pedro Álvares Cabral organizasse uma esquadra que, segundo consta, deveria aportar na Índia. Para tal propósito foi designada o uso de oito naus, três caravelas, um navio de mantimentos e uma caravela mercante. Além disso, foram convocados aproximadamente 1500 homens, incluindo capitães, tripulantes, soldados e autoridades religiosas.
Entre esses vários participantes da viagem marítima estava o cosmógrafo Duarte Pacheco da Costa, que, segundo aponta alguns historiadores, tinha participado de uma expedição secreta que já havia chegado ao Brasil no ano de 1498. Além disso, um ano após essa sigilosa viagem, outros indícios apontam que os navegadores Américo Vespúcio e Vicente Pinzón também fizeram uma breve visita ao Brasil. Mais uma vez, fica difícil acreditar que os portugueses não sabiam o que estavam fazendo.

Para celebrar a partida de Pedro Álvares Cabral e seus experientes auxiliares para essa viagem ao Oriente, o rei organizou uma enorme festa de comemoração que contou com a presença de espiões de outras nações mercantis da Europa. Dessa forma, nada poderia levar a crer que os dirigentes portugueses tinham outro plano, senão, circunavegar a costa africana e – assim como Vasco da Gama – realizar um novo contato comercial com os indianos.

Contudo, mesmo estando muito bem amparada, a esquadra de Cabral “repentinamente” seguiu uma rota marítima completamente inesperada. As embarcações tomaram distância da costa africana e realizaram uma passagem pela ilha atlântica de Cabo Verde. Depois disso, seguiram uma viagem tranquila que percorreu 3600 quilômetros a oeste. Passados exatos trinta dias da passagem por Cabo Verde, os navegantes portugueses avistaram o famoso Monte Pascoal.

Chegando ao território brasileiro, inicialmente chamado de “Vera Cruz”, o escrivão oficial, Pero Vaz de Caminha, se pôs a tecer um relato sobre as terras, mas sem citar nenhum tipo de surpresa por parte de seus companheiros. Depois do reconhecimento das terras, Pedro Álvares Cabral não fez questão de contar pessoalmente sobre a presença de “novas terras” a oeste. Ao invés disso, partiu para a Índia e mandou o navegante Gaspar Lemos oficializar a descoberta levando a carta de Pero Vaz ao rei.
Apesar de tantas evidências justificarem a ação premeditada dos portugueses, não podemos deixar de salientar que o enfrentamento dos mares era uma tarefa de grande peso. As más condições de higiene, a falta de água e alimentos tornava a viagem um admirável desafio. Além disso, só depois da oficialização feita em 1500 é que se vivenciaram os tantos outros episódios que, ao longo dos séculos, explica a peculiar formação da nação brasileira.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Tiradentes


Fonte:  http://www.youtube.com/watch?v=xtP7b-HlMcI

Dica de Filme: TIRADENTES

Tiradentes é um filme brasileiro de 1999, do gênero drama biográfico-histórico, dirigido por Oswaldo Caldeira.
O filme foi produzido por Oswaldo Caldeira Produções Cinematográficas e Paula Martinez Mello; o roteiro é de Oswaldo Caldeira; a música de Wagner Tiso; a direção da fotografia de Antônio Luiz Mendes; a direção de arte, cenografia e figurino de Anísio Medeiros, e a edição de Amauri Alves.

O filme mostra uma visão bem diferente da convencional, acerca dos fatos políticos que envolveram a Inconfidência Mineira e a condenação dos conjurados. Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, teria sido condenado à morte por ser o único dos revoltosos que não tinha grandes posses. Por outro lado, grande parte da elite de Ouro Preto estava envolvida no levante, inclusive o próprio visconde de Barbacena, mas a maioria não foi processada e nem sequer presa. Uma visão intrigante, porém com respaldo em muitas pesquisas recentes.

15 curiosidades sobre Tiradentes

As pinturas de Tiradentes mostradas no artigo foram feitas, respectivamente, por Décio Villares, Pedro Américo e Cândido Portinari. Percebam que todos eles representam Tiradentes como Cristo, apesar do rosto verdadeiro nunca ter sido realmente conhecido.



Pintura de Tiradentes com cabelos e barbas longas, feita por Decio Villares


- Seu nome completo era Joaquim José da Silva Xavier. Nasceu no ano de 1746, na Fazenda do Pombal, distrito de São João del Rey, em Minas Gerais. Porém, não há registro da data de seu nascimento, apenas do seu batismo, em novembro daquele mesmo ano.

- Ao contrário do que seu apelido insinua, Tiradentes não suportava arrancar dentes. Ele era muito mais a favor de preservar os dentes do que arrancá-los. Porém, quando arrancar era irremediável, ele colocava coroas artificiais, feitas de marfim e de osso de boi, que ele mesmo fabricava.

- Aos 40 anos, se apaixonou por Ana, uma menina de 15 anos, mas ela já estava prometida a outro homem. Tiradentes nunca se casou, mas teve 2 filhos – João, com Eugênia Joaquina da Silva, e Joaquina, com a viúva Antônia Maria do Espírito Santo.

- Tiradentes tentou várias profissões: dentista, tropeiro, minerador e engenheiro. Entrou, então, para a Sexta Companhia de Dragões de Minas Gerais, como alferes, uma espécie de segundo-tenente.

- Tiradentes está diretamente ligado ao movimento que ficou conhecido como “Inconfidência Mineira”. Os historiadores preferem “Conjuração Mineira” já que o que aconteceu em Minas Gerais foi um ato organizado para conquistar a independência do país e não um ato de deslealdade, traição ou infidelidade, que servem para traduzir a palavra inconfidência.

Pintura de Tiradentes esquartejado, feita por Pedro Américo

- Segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio. Ele nunca usou barba e cabelos longos. Como militar, o máximo que se permitia era um discreto bigode. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro, com a barba feita e o cabelo raspado, no dia 21 de abril de 1792.

- “Pois seja feita a vontade de Deus. Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria”, teria dito Tiradentes ao ouvir serenamente a sua sentença de morte.

- Após o enforcamento, seu corpo foi esquartejado. As 4 partes foram postas em alforjes com salmoura, para serem exibidas no caminho entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. A casa de Tiradentes em Vila Rica foi demolida, e o chão, salgado, para que nada brotasse naquele solo.

- A cabeça de Tiradentes foi levada do Rio de Janeiro para Vila Rica, em Minas Gerais e ficou exposta num poste em praça pública. Na terceira noite, foi roubada e nunca mais foi encontrada.

- Foi no Rio de Janeiro que Tiradentes entrou em contato com as idéias revolucionárias iluministas. O que poucos sabem, é que ele também se dedicou a projetos de melhoria urbana do Rio. Idealizou abastecimento regular da cidade, construção de moinhos, trapiches, armazéns, além de serviços de barcas de transporte de passageiros.

Pintura de Tiradentes esquartejado, feita por Cândido Portinari

- Ironicamente, 30 anos depois de ter projetado essas melhorias, Dom João VI mandou fazer a canalização do rio, seguindo os planos de Tiradentes. Em 1889, exatamente 100 anos depois, o engenheiro André Paulo de Frontin canalizou as águas da Serra do Tinguá, dentro dos mesmos moldes arquitetados pelo inconfidente.

- Tiradentes não foi considerado um herói tão logo morreu e só passou a ser cultuado 98 anos após a sua morte. Como defendia idéias iluministas republicanas e antimonarquistas, durante o período imperial brasileiro, seu nome quase não era citado.

- Em 1870, o movimento republicano o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista. A data de sua morte tornou-se feriado nacional em 1890. A primeira pintura oficial também data deste ano, de autoria de Décio Villares, que apresenta Tiradentes como Cristo, com barbas e cabelos longos.

- Tiradentes teve também exaltada sua imagem de militar patriota, quando nomeado patrono da nação pelo governo militar, em 1965, enquanto os movimentos de esquerda não deixaram de recorrer a ele como símbolo de rebeldia.

- Tiradentes é o único brasileiro cuja data de morte se comemora com um feriado nacional. É também o mais citado no Google, com mais de 2 milhões de páginas de referência no buscador.

sábado, 19 de abril de 2014

Mito do Andrógino e das Almas Gêmeas - Mitologia Grega e Platão

Na obra o Banquete, do filósofo grego Platão encontramos o Mito do Andrógino.
Não entenda mito como mentira, fábula ou conto de fadas. Os mitos são histórias nascidas da alma coletiva dos seres humanos ( segundo Jung são Arquétipos). Intuições profundas da mente inconsciente transformadas pela magia das palavras em contos, lendas e mitos. 
O andrógino, mais do que ser um e outro, homem (andros) e mulher (gynos), como a maioria em geral pensa, é um só ser.
Andrógino é o ser quase perfeito porque, assim como os deuses, ele contém em si mesmo todas as oposições, ele se basta a si mesmo, é completo e fecundo, dá a luz a si próprio. Em muitas mitologias, assim como na Bíblia o primeiro homem era um ser andrógino.
No início, a raça dos homens não era como hoje, era diferente, não haviam apenas dois sexos. Segundo o livro "O Banquete", de Platão, existiam três criaturas míticas proto-humanas. 
No livro, o comediógrafo Aristófanes descreve como haveriam surgido os diferentes sexos.
Havia antes três seres: Andros, Gynos e Androgynos, sendo Andros uma entidade masculina composta de oito membros e duas cabeças, ambas masculinas, Gynos entidade feminina mas com características semelhantes, e Androgynos composto por metade masculina, metade feminina. 

O NASCIMENTO DOS ANDRÓGINOS
A Mitologia Grega conta que Zeus declarou guerra ao seu pai Cronos e aos demais Titãs com a ajuda de Gaia. E durante cem anos nenhum dos dois lados chegava ao triunfo. Gaia foi até Zeus e prometeu que ele venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaro e libertasse os Ciclopes e os Hecatônquiros filhos de Gaia.
Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos, com a ajuda dos filhos libertos da Terra e se tornou o novo soberano do Universo. Todavia, Zeus realizou um acordo com os Hecatônquiros para que estes vigiassem os Titãs, que Zeus voltou a aprisionar no fundo do Tártaro. Gaia então se revoltou com a traição de Zeus e lançou mão de todas as suas armas para destrona-lo.
Como vingança ela pariu incontáveis Andróginos, seres com quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna vertebral terminado em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e masculinos.

Essa criatura primordial era redonda: suas costas e seus lados formavam um círculo e ela possuía quatro mãos, quatro pés e duas cabeças com duas faces exatamente iguais, cada uma olhando numa direção, pousada num pescoço redondo. A criatura podia andar ereta, como os seres humanos fazem, para frente e para trás. 
Mas podia também rolar sobre seus quatro braços e quatro pernas, cobrindo grandes distâncias, velozes como um raio de luz. Eram redondos porque redondos eram seus pais: o homem era filho do Sol. A mulher, da Terra. E o par, um filhote da Lua.
Os Andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes da Terra, sua força era extraordinária e seu poder imenso. E isso tornou-os ambiciosos, levando-os a desafiar os Deuses e a escalar o Monte Olimpo com a intenção de destronar Zeus e destruir os Deuses.
Reunidos no conselho celeste, Zeus aconselhado por Têmis, decidiu que ele e os demais Deuses deveriam acertar os Andróginos na coluna, de modo a dividi-los exatamente ao meio, para que se tornassem menos poderosos, sem precisar aniquila-los. 
Pois aniquilar as criaturas significaria ficar sem os sacrifícios, as homenagens e a adoração. Mas insolência das criaturas era totalmente inadmissível, e por isso deveriam ser castigadas.
Portanto o Grande Zeus decidiu deixa-los viver, mas divididos para torna-los mais humildes e fracos e assim diminuir seu orgulho fazendo-os andar sobre duas pernas, diminuindo sua força e poder, com a vantagem de aumentar seu número. A medida que as criaturas eram cortadas em dois.
Apolo ia virando suas cabeças, para que pudessem contemplar eternamente sua parte amputada, como uma lição de humildade. Apolo também curou suas feridas, deu forma ao seu tronco e moldou sua barriga, juntando a pele que sobrava no centro formando o umbigo, para que eles lembrassem do que haviam sido um dia. 
Seccionado Andros, originaram-se dois homens, que apesar de terem seus corpos agora separados, tinham suas almas ligadas, por isso ainda eram atraídos um pelo o outro. O mesmo ocorrendo com os outros dois seres Gynos e Androgynos. Andros deu origem aos homens homossexuais, Gynos às lésbicas e Androgynos aos heterossexuais. 
Segundo Aristófanes, seriam então dividos aos terços os heterossexuais e homossexuais, homem, mulher e a união dos dois. 
E foi aí que as criaturas começaram a morrer. Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim até a morte. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando...até morrer também.
Zeus ficou preocupado com o destino das criaturas, pois se isso continuasse elas acabariam por se extinguir, então aconselhado por Têmis, ele ordenou a Apolo que virasse as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente, para que através do ato sexual pudessem estar novamente unidos ainda que por alguns momentos. Se antes, eles copulavam com a terra de agora em diante, se reproduziriam entre eles, um homem numa mulher. Num abraço, assim a raça não morreria e os Deuses continuariam a ser adorados e reverenciados. 
As criaturas poderiam continuar vivendo e com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo por sua outra parte. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.

E esta é a nossa história. 
De como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que eramos temidos pelos Deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos, a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos.
Isto pode ser a causa do porque entre chineses e os hindus, tenham florescido rituais, técnicas e filosofias, cujo objetivo era transformar a energia nascida deste abraço, em energia espiritual, e fazer do sexo o um caminho para alcançar o divino. Fazendo do ato amoroso algo que de fato pudesse preencher o vazio de que somos feitos. Alguma coisa forte o bastante, para nos alçar de novo no caminho até o alto da montanha dos Deuses. 

MITO DA ALMA GÊMEA - Platão

Na verdade, o mito da alma gêmea foi criado por Platão que em seu livro O Banquete tenta definir o que é o amor. E nessa busca, muitos convidados de uma festa, cada um por vez, faz um elogio ao deus Eros (deus do amor).

No entanto, um dos momentos mais fascinantes do texto é quando toma a palavra o comediógrafo Aristófanes. Ele faz um discurso belo e que se imortalizou como a teoria da alma gêmea.




Aristófanes começa dizendo que no início dos tempos os homens eram seres completos, de duas cabeças, quatro pernas, quatro braços, o que permitia a eles um movimento circular muito rápido para se deslocarem. Porém, considerando-se seres tão bem desenvolvidos, os homens resolveram subir aos céus e lutar contra os deuses, destronando-os e ocupando seus lugares. Todavia, os deuses venceram a batalha e Zeus resolveu castigar os homens por sua rebeldia. Tomou na mão uma espada e cindiu todos os homens, dividindo-os ao meio. Zeus ainda pediu ao deus Apolo que cicatrizasse o ferimento (o umbigo) e virasse a face dos homens para o lado da fenda para que observassem o poder de Zeus.


Dessa forma, os homens caíram na terra novamente e, desesperados, cada um saiu à procura da sua outra metade, sem a qual não viveriam. Tendo assumido a forma que nós temos hoje, os homens procuram sua outra metade, pois a saudade nada mais é do que o sentimento de que algo nos falta, algo que era nosso antes. Por isso, os homens vivem em sociedade, pois desenvolvem o trabalho para buscar, nessa relação amorosa, manter a sua sobrevivência. Dessa forma, o ser que antes era completo homem-homem gerou o casal homossexual masculino; o ser mulher-mulher, o casal homossexual feminino. E o andrógino (parte homem, parte mulher) gerou o casal heterossexual. E a força que une a todos é o que nos protege, já que Zeus prometeu cindir novamente os homens (ficaríamos com uma perna e um braço só!) se não cumpríssemos o que foi designado pela divindade.
Vale notar que Platão vai utilizar uma linguagem poética-imagética para poder refutar essa teoria, mas no fundo, a plasticidade do texto é que ficou na tradição como a obra mais bela que explica sobre o amor. Isso inspirou os movimentos românticos em todas as suas fases na modernidade.