O golpe de 1964
Em 20 de março de 1964, a Associação
dos marinheiros e dos fuzileiros navais pediu a demissão do ministro da
Marinha, Almirante Sílvio Mota, fato que demonstrava grave indisciplina.
O governo da República colocou-se numa posição favorável aos
marinheiros.
Em 31 de março, as Forças Armadas
desencadearam o movimento que iria depor João Goulart. Os Generais
Olímpio Mourão Filho e Carlos Luís Guedes alertaram suas tropas,
recebendo o apoio do então governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto.
Logo a seguir, quase todos os estados se aliaram ao golpe militar.
No dia seguinte, o presidente vendo
que não contava com o apoio das forças da capital federal seguiu para o
Rio Grande do Sul. O senado declarou que o cargo presidencial estava
vago e empossou o Presidente da Câmara Ranieri Mazzili, era o início da ditadura militar.
O governo do General Castelo Branco
Em 1964, o Comando Supremo da Revolução, nos primeiros dias de abril, editou, o Ato Institucional nº 1, suspendendo
as garantias constitucionais estabeleceu eleições indiretas e o
Executivo passou a ter direito de cassar mandatos políticos e decretar
estado de sítio, sem consultar o Congresso.
Essas medidas atingiram
principalmente os líderes do regime deposto e as organizações que
exigiam as reformas de base como a CGT (Comando Geral dos
Trabalhadores), a PUA (Pacto de Unidade e Ação) e as Ligas Camponesas.
Após estas medidas foram instaurados inquéritos seguidos de processos
políticos a cargo da Justiça Militar.
O movimento vitorioso justificava-se
como restaurador da economia, abalada pelas constantes greves, e
favorável à definição de um padrão de desenvolvimento baseado na livre
empresa e associado ao capital estrangeiro.
Politicamente, o projeto do General
Humberto de Alencar Castelo Branco, escolhido como presidente, incluía o
fortalecimento do Executivo e a segurança do Estados, para os quais
foram criados órgãos como o Serviço Nacional de Informações (SNI). A
segurança nacional foi o argumento usado para justificar as
arbitrariedades praticadas.
Em 1965, realizaram-se eleições para governador em 11 estados e o governo perdeu em 5 deles. Em resposta, foi editado o AI-2, que permitia a intervenção do governo nos estados e municípios e que pó Executivo legislasse através de “Decretos-Lei”. Também extingui os partidos políticos e cancelou seus registros. A partir daí, passaram a existir apenas 2 partidos, a ARENA(Aliança Renovadora Nacional) e o MDB(Movimento Democrático Brasileiro).
Em 1965, realizaram-se eleições para governador em 11 estados e o governo perdeu em 5 deles. Em resposta, foi editado o AI-2, que permitia a intervenção do governo nos estados e municípios e que pó Executivo legislasse através de “Decretos-Lei”. Também extingui os partidos políticos e cancelou seus registros. A partir daí, passaram a existir apenas 2 partidos, a ARENA(Aliança Renovadora Nacional) e o MDB(Movimento Democrático Brasileiro).
A Ato Institucional nº 3 foi
decretado logo em seguida, acabando ainda mais com a democracia no
país. Esse Ato estabelecia o fim das eleições diretas para governadores e
prefeitos das capitais. A partir de então os governadores seriam
indicados pelo presidente para a aprovação das assembléias Legislativas.
E os prefeitos seriam indicados pelos governadores.
Em 1966, o Congresso Nacional Foi
Fechado, o que provocou a reação de muitos que se identificavam com o
movimento. As cassações de mandatos continuaram.
Decretou-se também o Ato Institucional nº 4, que dava ao governo poderes para elaborar uma nova Constituição.
No início de 1967, O Congresso foi
reaberto, desfalcado de alguns parlamentares, e aprovou uma nova
Constituição, elaborada por juristas do governo. As atribuições do poder
Executivo foram consideravelmente aumentadas, e a autonomia dos estados
diminuída. Instituiu, ainda, um tribunal Militar para julgar os civis.
Desta forma, o Marechal Castelo
Branco pode contar com um Congresso bastante submisso. Foi essa
submissão que possibilitou a aprovação de novos atos ditatoriais, como a
limitação do direito de greve e a deposição dos governadores de Goiás,
Amazonas e Rio de Janeiro.
Não foram apenas líderes políticos e
sindicais que foram perseguidos pelo regime militar. Intelectuais,
fincionarios públicos, militares e artistas foram demitidos ou sofreram
perseguições porque a ditadura os considerava perigosos. Acreditavam
que, impedindo essas pessoas de exercer sua profissão, estariam
combatendo o Comunismo. Ao final do governo Castelo Branco, quase 4000
pessoas já haviam sido punidas.
Mesmo com a institucionalização da
”Revolução”, como desejava o presidente Castelo Branco, a democracia
estava longe de ser garantida. Os partidos não representavam os
diferentes interesses em jogo, dificultando a participação popular.
Ao nível econômico, o Governo
Federal, procurou exercer um controle sobre a inflação, incentivou as
exportações e procurou atrair investimentos externos. Para controlar a
inflação, houve uma queda nos salários, o aumento das tarifas públicas e
uma diminuição dos gastos do Estado. Essa política favoreceu a
negociação do Governo com o FMI, obtendo empréstimos. Os EUA
renegociaram a dívida externa do Brasil e instalaram-se várias empresas
norte-americanas no país.
O desenvolvimento Capitalista brasileiro, do qual se beneficiavam a burguesia e as empresas estrangeiras ou associadas ao capital estrangeiro, precisava das Forças Aramadas e dos tecnocratas para exercer funções de controle, no plano social e modernizadoras, no plano administrativo.
O desenvolvimento Capitalista brasileiro, do qual se beneficiavam a burguesia e as empresas estrangeiras ou associadas ao capital estrangeiro, precisava das Forças Aramadas e dos tecnocratas para exercer funções de controle, no plano social e modernizadoras, no plano administrativo.
Ao final do governo Castelo Branco o
Alto Comando Militar, escolheu como novo presidente o marechal Artur da
Costa e Silva, que era o Ministro da Guerra. Essa escolha foi confirmada
pelos membros da ARENA no Congresso Nacional. Para registrar seu
protesto o MDB retirou-se do local da votação
O governo do Marechal Artur da Costa e Silva
O Marechal Artur da Costa e Silva tomou posse em 31 de janeiro de 1967.
No seu governo, foi criado o PED
(Plano Econômico de Desenvolvimento), que continuaria a prática
econômica do governo anterior, porem corrigindo os possíveis erros da
política de combate à inflação.
A política econômico-financeira era
dirigida pelo ministro da fazenda Antonio Delfim Neto. A partir de 1968 o
governo Costa e Silva marcou-se pelo rigor como que reprimia as
agitações.O ENTÃO MINISTRO DA Justiça, Gama e Silva, desarticulou um
movimento conhecido como FRENTE AMPLA, composto por
políticos cassados, representantes o MDB, do governo deposto em 64,
estudantes e trabalhadores. O programa da Frente era exclusivamente
político, exigindo anistia geral, elaboração de uma constituição
democrática e restabelecimento das eleições diretas em todos os níveis.
Devido à sua diversidade, a coesão ficou dificultada, levando-a ao
fracasso. Mas era um sintoma do descontentamento que havia em relação
aos caminhos que o regime estava tomando.
No Rio de Janeiro, em 1968, mais de cem mil pessoas saíram nas ruas em passeata, protestando o assassinato do estudante Édson Luís , de 18 anos, pela polícia. Também surgiram greves operárias, como a de Osasco, em São Paulo, e Contagem, em Minas Gerais.
O Congresso Nacional foi fechado e a
13 de dezembro de 1968 foi editado Ato Institucional nº 5, o mais severo
de todos. O AI-5 dava ao presidente da República poderes totais para
perseguir e reprimir as oposições. Podia decretar estado de sitio,
intervir nos estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos
políticos, demitir funcionários, confiscar bens. Tamanho era o poder do
presidente que seus atos não podiam sequer ser submetidos ‘a apreciação
do Judiciário.
Utilizando o AI-5, o
governo prendeu milhares de pessoas em todo o país, entre elas Carlos
Lacerda, o marechal Lott e Juscelino. Fechou o Congresso Nacional por
prazo indeterminado. Cassou os mandatos de 110 deputados federais, 160
deputados estaduais, 163 vereadores, 22 prefeitos. Afastou 4 ministros
do Supremo Tribunal Federal.
Mesmo sendo um militar linha-dura,
Costa e Silva não queria passar para a história como o criador do AI-5.
por isso, confiou ao seu vice-presidente Pedro Aleixo, que era contra o
AI-5, a missão de elaborar nova constituição que substituísse toda
aquela legislação arbitrária. A nova Constituição estava praticamente
concluída, quando Costa e Silva ficou gravemente doente e afastou-se da
presidência. Uma Junta militar, composta pelos ministros do Exército,
da Marinha, e da Aeronáutica, impediu i vice –presidente Pedro Aleixo de
assumir o poder. Não confiava no político civil.
A Junta Militar governou durante 2
meses, de 31 de agosto à 22 de Outubro de 1969. Nesse curto período,
alterou profundamente a Constituição de 1967, dando origem ao novo texto
constitucional de 1969, que reforçava ainda mais o poder do Executivo, o
mandato presidencial era de 5 anos, foram mantidos todos os atos
institucionais decretados depois de 1967, foi estabelecida a pena de
morte e o banimento do território nacional para os casos de subversão.
Reconhecendo a impossibilidade de
Costa e Silva recuperar a saúde, a junta militar declarou a extinção de
seu mandato. E indicou o seu sucessor: o general Emílio Garrastazu
Médici.
Em 22 de Outubro de 1969, o Congresso
foi reaberto depois de 10 meses. Nele não mais estavam presentes os
antigos deputados federais, pois haviam sido cassados pelo AI-5.
O governo do General Emílio Garrastazu Médici
O general Médici foi eleito indiretamente, ou seja, escolhido pelo Congresso Nacional, tomando posse em 30 de Outubro de 1969.
Seu mandato caracterizou-se pelo
endurecimento político, com a implantação de censura. A censura tinha
como objetivo impedir a divulgação de qualquer notícia que comprometesse
a imagem do governo ou mostrasse os problemas do país. Alguns jornais,
como o Estado de São Paulo, por exemplo, não aceitavam a imposição da
censura, e em vez de substituir matérias censuradas, deixavam o espaço
em branco ou colocavam poesias, em sinal de protesto à decisão do
governo. Os jornais que desobedecessem eram proibidos de circular. Dessa
forma o povo tinha uma imagem falsa do país, e era levado a acreditar
que vivíamos no melhor dos mundos e que seus governantes eram sábios e
honestos.
A censura não atingiu somente os
meios de comunicação. Também as artes sofreram nas mãos dos censores.
Compositores como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e muitos
outros, foram impedidos de gravar ou tiveram suas músicas proibidas de
ser tocadas no raio e na TV. Vários filmes estrangeiros, que os
militares consideravam subversivos, foram impedidos de ser exibidos.
Textos de teatro foram vetados. Até mesmo a TV sofreu cortes na sua
programação.
A censura não tinha limites. Sobra a
classe operária, era exercida uma vigilância policial, a fim de evitar
qualquer manifestação de protesto. Sobre os estudantes e professores,
pairava o ameaçador decreto 477, mediante o qual o governo podia
expulsar e demitir professores considerados “perigosos”. Para estimular o
patriotismo, o governo empreendeu agressivas campanhas publicitárias e
introduziu no currículo escolar, matérias como Educação Moral e Cívica,
Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Estudo dos Problemas
Brasileiros (EPB). A ditadura não admitia criticas nem oposição
pacifica.
Em meio a isso, um setor da oposição
partiu para o enfrentamento armado com o regime. Surgiram vários grupos
clandestinos que praticavam ações armadas em algumas cidades. Entre
esses grupos estava a Ação Libertadora Nacional (ANL). Liderada por
Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionaria (VRP), comandada
por Carlos Lamarca. Um outro grupo, vinculado ao PC do B, organizou no
inicio da década de 70 um movimento guerrilheiro no sul do Pará. Esses
grupos realizaram diversos assaltos a bancos, em busca de dinheiro para
financiar a luta política. Seqüestraram diplomatas estrangeiros para
troca-los por companheiros presos, que estavam sendo torturados nos
porões dos órgãos de segurança. Todos os lideres desses grupos foram
esmagados pela repressão militar.
Os militares queriam passar a idéia
de que eles eram patriotas, O patriotismo foi usado como arma ideológica
para combater as oposições. Foi o tempo do “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
No plano econômico, o governo Médici foi marcado por um período de desenvolvimento que a propaganda oficial chamou de ”Milagre Econômico”.
A base dele foi uma gigantesca expansão do setor industrial. Desde
1967, o governo já vinha tomando inúmeras medidas para promover o
desenvolvimento econômico. As industrias foram beneficiadas com isenções
de impostos e a ampliação do credito para os consumidores. Com a
redução dos custos e o aumento das vendas, as industrias prosperavam,
Alem disso, o governo vendia títulos,
e com o dinheiro arrecadado, financiava grandes obras. O setor da
construção civil foi estimulado com a edificação de milhares de
residências, através de financiamentos do Banco Nacional de Habitação
(BNH).
Assim, desde o final de 1967, a
economia brasileira vinha apresentando grandes índices de crescimento.
Esse crescimento beneficiou enormemente os empresários de todos os
setores. Mas beneficiou também a classe média, pois significou mais
possibilidade de empregos e maiores salários. Com a ampliação dos lucros
dos empresários e da renda da classe media, cresceu a demanda por bens
industriais, especialmente automóveis.
A grande expansão das vendas no setor
automobilístico teve efeitos sobre outros setores industriais. Mas,
alem do crescimento recorde no setor industrial, um outro fator que
contribuiu para o Milagre Econômico foi a construção de gigantescas
obras publicas, como a ponte Rio-Niterói, a duplicação da ponte Ercílio
Luz (SC), os metros do Rio e de São Paulo, o elevado Costa e Silva, a
Rodovia dos Imigrantes, a Transamazônica e a Hidrelétrica de Itaipu.
A construção das grandes obras
acelerou o ritmo da expansão econômica. As obras significaram emprego
para milhões de pessoas e encomendas para as industrias e empresas de
prestação de serviço. Mais gente empregada e mais lucro para as empresas
significaram mais consumo p-ara a industria de bens de consumo
duráveis, não-duráveis e para a agricultura.
O comercio também se expandiu. Os supermercados e os shoppings centers passaram a fazer parte do cenário das grandes cidades.
Se o comercio interno ia bem, o
externo ia ainda melhor. O Brasil deixou de ser essencialmente um país
exportador de produtos primários. Uma grande parte das nossas
exportações era de manufaturados.
Evidentemente, com todos os setores
da economia vivendo um período de grande expansão, o clima só poderia
ser de euforia. Otimismo reforçado pela conquista, em 1970, do
tricampeonato mundial de futebol.
Mas mesmo com todo o crescimento da
economia, já havia, entre muitas pessoas, a percepção de que nem tudo
andava bem. Afinal, foi o próprio presidente Médici quem afirmou que a
economia ia bem, mas o povo ia mal.
A principal vitima do milagre
econômico foi a classe operaria. Durante o governo Médici, o arrocho
salarial foi mantido. O governo manipulava os índices oficiais de
inflação de modo que os aumentos salariais sempre ficassem bem abaixo da
inflação real.
A região amazônica também foi uma
outra grande vitima do milagre econômico. A pressa de fazer do Brasil
uma grande potência levou o governo a permitir uma ocupação desordenada e
predatória da região. O governo abriu a Amazônia aos grandes projetos
agropecuários. Milhares de hectares da floresta foram queimados e deram
origem à enormes propriedades onde o boi ocupava o espaço do homem.
Mas o milagre econômico trouxe
problemas graves para a economia brasileira. O financiamento das grandes
obras foi feito através de um crescente endividamento externo e
interno. A divida externa, alem de aumentar o poder dos banqueiros
internacionais sobre a economia brasileira, obrigava o país a consumir
uma parcela enorme das suas receitas de exportação a titulo de pagamento
de juros. Isso ia colocando obstáculos ao prosseguimento do nosso
desenvolvimento.
O governo recorreu também ao
endividamento interno. Como gastava bem mais do que arrecadava,
freqüentemente tinha que lançar mão da venda de títulos ou emitir
dinheiro. O resultado desses dois expedientes foi o retorno da inflação.
Em 1947, já estava claro que o Brasil necessitaria de outro milagre para sair da crise provocada pelo primeiro.
Euforia na ditadura
Em 1970, no domingo em que o capitão
Carlos Alberto fez o quarto gol contra a Itália, na Copa do México, e
deu à seleção a Taça Jules Rimet, e o cobiçado tricampeonato mundial,
andar de carro nas ruas brasileiras sem uma bandeira verde-amarela
tornou-se uma imprudência.
Os adesivos “Brasil: ame-o ou
deixe-o” grudaram em todas as faces de um país em que o PIB subia 10% ao
ano, as bolsas disparavam, as obras da Transamazônica começava, e 160
milhões de dólares eram torrados na compra de 16 aviões supersônicos
Mirage.
O Brasil estava contagiado pela
emoção. Mas o momento inesquecível de auto-estima nacional estava
aplicado sobre um fundo falso. O “Brasil Grande”, apenas imaginário.
Assim, Médici chorou diante da seca nordestina, ao descobrir que a
economia ia bem, mas o povo ia mal. A Transamazônica até hoje é uma
miragem de empreiteiro.
A classe média, entretanto,
comemorava as novas possibilidades de consumo. O paraíso nos anos 70
consistia em tirar pó automóvel Corcel da garagem, fazer compras no
supermercado Jumbo, ver futebol na maravilha do ano, a TV em cores, e
sonhar com a nova viagem à Bariloche, na Argentina.
O Governo do General Ernesto Geisel 1974-1979
O sucessor do presidente Médici foi outro general, indicado pelo
alto comando militar e referendado pela ARENA. Ernesto Geisel integrava
um grupo dos oficiais militares favoráveis à devolução gradual dos
poderes aos covis. Quer dizer, o novo presidente estava disposto a
promover conforme suas palavras, um processo gradual, lento e seguro de
abertura democrática.
O governo começou sua ação
democratizante diminuindo a severa ação de censura sobre os meios de
comunicação. Depois garantiu a realização de eleições livres para
senadores, deputados e vereadores em 1974.
O MDB, único partido de oposição,
alcançou uma vitória significativa sobre a ARENA, o partido do governo.
Os militares de linha-dura assustaram-se com a vitória das oposições.
Os comandantes dos órgãos de
repressão do regime militar não suportavam a idéia de uma abertura
democrática. Pó isso, continuavam agindo com a mesma violência do
período anterior. Em são Paulo foram presos e mortos, nas dependências
do II Exercito, o jornalista Vladimir Herzog (1975) e, posteriormente, o
operário Manuel Fiel Filho (1976).
A sociedade brasileira ficou
escandalizada com os atos brutais dos órgãos militares, que diziam agir
em nome da “Segurança Nacional”. O presidente Geisel afastou o general
comandante do II Exercito para por fim à onda de violência que indignava
a nação.
Em abril de 77, prevendo a derrota
que o governo sofreria nas eleições de 1978, Geisel decretou um conjunto
de medidas que ficou conhecido como Pacote de Abril, colocando o
Congresso em recesso temporário, para que fossem feitas respostas
políticas. Criou a figura do senador biônico, onde 1\3 do Senado passou a
ser composto por senadores nomeados pelo presidente, como forma de
garantir a maioria de votos favoráveis ao governo. O pacote também
aumentou o mandato presidencial para 6 anos.
A política econômica de Geisel foi
desenvolvimentista. Para isso recorreu-se, como de praxe, a empréstimos
externos (o Brasil tornou-se um dos maiores devedores do mundo) e ao
aumento de impostos, acentuando o descontentamento da população. Em
outubro de 1978, o presidente Geisel extinguiu o AI-5 e os demais atos
institucionais que marcaram a legislação arbitrária da ditadura.
Ao final do governo Geisel, pode-se dizer que houve certa disputa na eleição indireta para Presidente da República.
Em nome da ARENA disputaram os
candidatos a presidente o general João Baptista de Oliveira Figueiredo e
como vice Aureliano Chaves. Em nome do MDB, disputaram os candidatos a
presidente o general Euler Bentes Monteiro e como vice Paulo Brossard.
O Colégio Eleitoral conferiu 335 votos ao general Figueiredo contra 266 dados ao general Euler.
O governo de João Figueiredo 1979-1985
O presidente João Batista de Oliveira Figueiredo
iniciou seu governo num momento em que crescia no país a critica
política às decisões autoritárias e centralizadas do governo militar.
Diversos setores da sociedade brasileira passaram a reivindicar
ardentemente a redemocratização do país.
Diante das pressões de toda a
sociedade, o presidente Figueiredo assumiu compromisso de realizar a
abertura política e devolver a democracia ao Brasil.
Nesse clima de abertura democrática,
os sindicatos voltaram a se fortalecer e ressurgiram as primeiras greves
operarias contra o achatamento dos salários. Dentre elas,
destacavam-se as greves dos operários metalúrgicos de São Bernardo do
Campo, sob a liderança sindical de Luis Inácio Lula da Silva.
A campanha da sociedade do país obteve os primeiros resultados positivos:
A Lei da Anistia, que como dizia o
nome dava anistia a todos aqueles que foram punidos pela ditadura
militar. Assim, muitos cidadãos brasileiros que ainda estavam no exílio
puderam, finalmente, regressar à sua pátria. Pessoas que tiveram seus
direitos políticos cassados foram reabilitadas na sua cidadania. Mas a
anistia não foi irrestita, milhares de militares punidos não puderam
voltar normalmente às forças armadas.
E também o fim do bipartidarismo
restrito à ARENA ao MDB. Foram criados novos partidos para disputar as
próximas eleições. Surgiram então o PDS (no lugar da ARENA) e o PMDB (no
lugar do MDB). Apareceram ainda partidos como o PT, PTB e outros. Foram
restabelecidas as eleições diretas para governador do estado.
No plano econômico, o ministro do
planejamento, Delfim Neto, procurou executar o III PND (Plano Nacional
de Desenvolvimento) que tinha como principais preocupações promover o
crescimento da renda nacional, controlar a divida externa, combater a
inflação e desenvolver novas fontes de energia.
Quanto ao setor energético, o governo
buscou através do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) substituir
progressivamente petróleo importado por uma fonte de combustível
nacional, o álcool.
Os outros grandes objetivos do IIIPND
não foram alcançados de forma satisfatória como a Divida Externa e a
Inflação. O Brasil, tinha feito empréstimos do FMI, teve que se submeter
às exigências dos banqueiros internacionais que passaram a ditar regras
de ajustamento da nossa economia. Sem poder pagar os empréstimos
obtidos, o Brasil caiu numa ciranda sem fim. Passou a pedir novos
empréstimos pra saldar a divida anterior. Já a inflação foi provocada
por uma serie de desequilíbrios econômicos, a inflação começou a
explodir no governo de Figueiredo. Bateu recorde histórico, superando a
cifra de 200% ao ano. A classe social mais prejudicada com a inflação
foi a operária, que teve seu salário corroído dia a dia pela alta
absurda do custo de vida.
Outro problema foi o desemprego foi o
desemprego, provocado pela falta de investimentos no setor produtivo
(expansão das empresas) resultou numa redução do crescimento econômico,
cuja conseqüência social mais importante foi o aumento do desemprego. Em
1983, os níveis de desemprego em são Paulo, Rio de Janeiro e outros
estados atingiram uma situação desesperadora. Grupos de desempregados,
para não morrer de fome, chegaram a saquear padarias e supermercados
para conseguir comida para suas famílias.
Com o agravamento da crise econômica,
cresceu também a insatisfação popular contra o governo. Nas eleições
de 1982, o povo manifestou eu descontentamento elegendo um grande número
de candidatos das oposições nos principais estados brasileiros.
Depois de 18 anos de ditadura, em 15
de março de 1983, assumiram o poder nos estados novos governadores
eleitos diretamente pelo povo.
O regime militar se aproximava do
fim. Com a renovada força, as oposições políticas passaram a exigir
eleições diretas para a presidência da República. A Campanha pelas
Diretas foi um dos maiores movimentos político-populares da nossa
historia. Nas ruas, nas praças, multidões entusiasmadas, reunidas em
grandes comícios, gritavam o lema DIRETAS JÁ!e cantavam o Hino Nacional.
Entretanto, uma serie de manobras de
políticos ligados à ditadura militar impediu a realização das eleições
diretas para presidente. O principal grupo que sabotou a emenda das
diretas foi liderado pelo então deputado paulista Paulo Maluf.
Contrariada a vontade do povo
brasileiro, teve prosseguimento o processo das eleições indiretas,
criado pelo regime militar. Nessa fase, concorreram para a presidência
dois candidatos, Paulo Maluf e Tancredo Neves.
Paulo Maluf era o candidato oficial
do PDS, o partido do governo. Entretanto não contava com o apoio efetivo
das forças tradicionais que estavam no poder.
Tancredo Neves então governador de
Minas Gerais, era o candidato de uma confusa aliança política, composta
por ex-integrantes do PDS e membros do PMDB, que se apresentava como a
alternativa concreta para que a sociedade brasileira alcançasse i fim do
regime militar.
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio
Eleitoral reuniu-se em Brasília para escolher entre Tancredo e Maluf.
Resultado foi 480 votos para Tancredo contra 180 para Maluf e 26
abstenções.
Tancredo Neves não conseguiu tomar
posse da presidência da República. 12 horas antes da solenidade da
posse, foi internado e operado no Hospital de Base de Brasília com
fortes dores abdominais. Depois foi transferido para o Instituto do
Coração em São Paulo. A enfermidade evoluía de forma fatal. Tancredo
faleceu em 21 de abril de 1985. O país foi tomado de grande comoção, em
face da morte de Tancredo e das esperanças de mudança nele depositadas. O
vice-presidente, Jose Sarney, assumiu de forma plena o comando da
nação.
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