Antes de Bento XVI, vários já deixaram o
cargo antecipadamente, por terem renunciado, ou por terem sido
assassinados de alguma forma.
Ao declarar sua renúncia, Bento XVI quebrou um jejum de 600 anos desde a última renúncia papal.
A
renúncia do papa é possibilitada no cânon 332 §2 do Código de Direito
Canônico e no cânon 44 §2 do Código de Direito Canônico das Igrejas
Orientais. As únicas condições para a validade da renúncia são de que
sejam realizadas livremente e manifestadas adequadamente.
Os
historiadores divergem do número de Papas que já renunciaram, havendo
unanimidade em apenas três casos. Vamos conferir, então, 3 Papas que já renunciaram ao pontificado.
1- Ponciano
Ponciano
foi papa de 21 de julho de 230 a 29 de setembro de 235. Durante o seu
pontificado, ordenou o canto dos salmos nas igrejas, prescreveu o
“Confiteor” antes da missa e introduziu a saudação Dominus vobiscum (o
Senhor esteja convosco). Ponciano e outros líderes da igreja, entre
eles Hipólito, foram exilados pelo imperador Maximino Trácio para a
Sardenha. É desconhecido quanto tempo ele viveu exilado, mas sabe-se que
ele morreu de esgotamento, graças ao tratamento desumano nas minas da
Sardenha, onde trabalhava.
Por que renunciou:
renunciou ao papado no dia 25 ou 28 de Setembro de 235, para permitir à
Igreja eleger outro líder que estivesse presente em Roma, sendo eleito o
Papa Antero.
2- Celestino V
Celestino V,
proveniente da ordem beneditina, foi papa durante alguns meses do ano
1294. Ele era conhecido também como Pedro de Morrone, pois foi viver no
sopé do morro do mesmo nome, onde levantou uma cela, vivendo de
penitências e orações contemplativas. Sua escolha como papa foi
política, por pressão de Carlos II, rei de Nápoles. Com temperamento
para a vida contemplativa e não para a de governança, o erro de
estratégia logo foi percebido pelos cardeais. Pedro Celestino exerceu o
papado durante um período cheio de intrigas, crises e momentos difíceis.
Por que renunciou:
reconhecendo-se deslocado, e não sentindo apto para o cargo, renunciou
em 13 de dezembro de 1294. Foi sucedido pelo Papa Bonifácio VIII.
3- Gregório XII
Gregório XII
foi papa de 19 de dezembro de 1406 a 14 de julho de 1415. Quando se
tornou sumo pontíficie, já tinha mais de oitenta anos de idade.
Fisicamente muito magro e alto, assumiu o espírito conciliatório com
relação aos problemas da Igreja Católica, em especial o chamado Cisma do
Ocidente, que dividia a sede do papado entre Roma, Pisa e Avignon
(França). Apesar da Igreja reconhecer somente o papa de Roma, havia
ainda dois antipapas (papas não oficiais) nas outras duas cidades.
Durante o seu pontificado, instituiu a hóstia como único elemento da
Eucaristia, abolindo o pão e restringindo o vinho somente ao sacerdote.
Por que renunciou:
renunciou ao papado no dia 14 de julho de 1415 para tentar pôr fim ao
cisma do ocidente. Com seu sucessor, Martinho V, o cisma chegou ao fim.
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