O livro Apologia de Sócrates, de Platão, é um relato da
defesa de Sócrates perante o tribunal de Atenas. Ele era acusado de não
aceitar os deuses da cidade, introduzir novos deuses e corromper a
juventude. A acusação foi feita por Anito, Meleto e Licon,
representantes das classes dos políticos, poetas e oradores da cidade.
Sócrates refutou cada uma dessas acusações e mostrou que seus
acusadores não sabiam o que estavam falando. Mesmo assim, Sócrates foi
condenado à morte pelos representantes da democracia Ateniense. Este
evento aconteceu por volta de 400 a.C.
Durante o julgamento, Sócrates manteve sua dignidade e tranquilidade,
dizendo que aceitaria a condenação à morte, mas, caso vivesse, não
deixaria de fazer o que sempre fez: buscar a verdade e destruir a ilusão
daqueles que se achavam sábios. Para ele, calar a filosofia era calar a
própria vida. Por conta disso, Sócrates foi condenado a beber um veneno
chamado cicuta, pois a maioria dos jurados eram desafetos que outrora
foram incomodados ou desmascarados por ele.
A Apologia de Sócrates é uma das mais belas obras
filosóficas da antiguidade, e relata a grandeza de um sábio que enfrenta
a morte com serenidade. Durante todo o julgamento, fica claro que
Sócrates não está realmente preocupado com sua defesa ou sua vida, mas
apenas com a verdade. Ele já sabia que iria morrer, pois sua voz
interior, que sempre lhe acompanhou, se calou no dia que ele saiu de sua
casa para o julgamento, e isso significava que sua missão chegara ao
fim. Ao receber a sentença de morte, Sócrates declarou: “Já é hora de
partir, eu para morrer e vocês, para viver. Quem vai para melhor sorte,
isso é segredo, exceto para Deus.” Depois da sua morte, seu discípulo
Platão condenou a democracia, pois esse julgamento lhe mostrou que ela –
a democracia – poderia calar a verdade tanto quanto a tirania.
Alfredo Carneiro
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